terça-feira, 27 de setembro de 2011

Avesso



- E aí o que achou?
- O que achou do que?
- Você não notou nada de diferente?
- Carlos eu to tentando assistir TV
- Para de olhar só um pouquinho pra TV e olha pra mim mulher! – Disse o homem batendo o pé.
- Poh mais do que você ta falando Carlos? To tentando ver minha novela! – Esbravejou a mulher tentando ver a TV.
- Do meu novo corte... Você não presta atenção em nada mesmo né!
- Mas não mudou nada...
- Como não?
- Não mudou ué! Do jeito que você saiu de casa, você voltou. Quer dizer, tudo menos 40 reais no bolso.
- Eu mudei sim, e não é 40 é 60 reais.
- O que? 60 reais pra não fazerem nada? Desse pra mim que eu fazia! No caso, não fazia!
- Ah vai ficar jogando na minha cara agora? E como assim não fez nada? Ele fez o pezinho!
- Por 60 reais eu fazia o pezinho, a mãozinha, o braçinho...
- Rá, rá, rá... Engraçadona. Tira sarro mesmo, você vai querer “sentir” o meu pezinho a noite! – Disse e saiu.
- Para Carlos! Eu tava só brincando... Volta aqui... Homem é tudo sensível mesmo. – Disse ela voltando a assistir a novela.

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NO BAR
- Iai Gorda como você está? – Cumprimentou a amiga apertando a bunda.
- Não tão acabada como você mais levando. – Retrucou a amiga devolvendo também o apertão.
- Cadê o maridão?
- Hum ta em casa vendo a novela, aquele lá não perde um capitulo.
- Ih menina o meu também não. Acredita que a gente foi no motel esses dias e ele só começou o “trabalho” depois que acabou a novela.
- Caramba sério!
- To falando.
- É pelo menos, fica uma hora inteira sem falar.
- Pelo menos isso. Me vê duas cervejas. – Pediu para o garçom.
- Três. - Disse uma terceira que acabara de chegar.
- O Safada! Como você ta? Sua sem vergonha!
- Não como você, mas gostaria!
- Pena que eu não posso dizer o mesmo. Ainda mais com essas banhinhas sua, fica difícil hein!
- Quando você casou seu marido pediu com borda de catupiry? Porque você está com uma em volta da cintura!
- Querida isso aqui não é borda de catupiry, é borda de cream-cheese, eu sou chique meu bem!
E caíram na gargalhada as três.
- E aí cadê o encosto?
- Deve estar em casa, eu disse que tinha reunião e que teria que chegar mais tarde!
- E ele acreditou?
- O meu já fica com um pé atrás quando digo isso...
- Ele acreditou daquele jeito né. Ah, mas depois eu levo uma caixinha de cerveja e está tudo certo.
- Cerveja sempre funciona.
- Sempre. – Concordou.
Toca o celular de uma das três.
- Ih olha a policia.
- Agora o bicho vai pegar...
- Xiu, xiu, é o meu marido!
Atendeu a terceira.
- Oi amor! Tudo bem? Tudo, tudo... Então não sei, acabou de começar aqui... O que é essa musica? É o celular da verônica que ta tocando... É a versão ao vivo... Ta não pretendo demorar não... Não, não precisa esperar acordado não... Ta tchau... Beijo... Também te amo Pedro... Também, eu preciso desligar agora... Boa noite! – Disse e desligou o celular. – Ufa, foi por pouco.
- Também te amo? Ah larga a mão mulher...
- O que? Tem que dar uma moral, e outra falo isso agora pra não complicar depois! Desse mais uma rodada! Agora por minha conta.
- Ta com o cartão do maridão é!?
- O que você acha?
- Opa, então vou ligar para o meu e falar que também não precisa esperar acordado que a noite vai ser longa!

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- Boa noite.
- Boa noite amor!
- Porque essas velas aqui na mesa de jantar Jairo?
- Espera aí, eu não acredito que você esqueceu!
- Esqueceu o que?
- Você esqueceu Maria Fernanda...
- Eu não esqueci. Rá pegadinha!
- Esqueceu sim!
- Não esqueci não... Para de ficar falando que eu esqueci, porque se não eu vou esquecer!
- Como você pode?
- Jairo eu já falei que eu não esqueci. Eu comprei até um presente.
- Então cadê?
- Eu deixei na empresa.
- Você não comprou nada!
- Comprei sim!
- O que é então?
- O que é o que?
- O presente!
- É uma camisa do seu time!
- Você nem sabe para o time que eu torço Maria Fernanda.
- Claro que eu sei! E para de me chamar de Maria Fernanda, da a impressão que você está bravo.
- Não sabe não, e eu estou bravo!
- Ta estressado sem necessidade.
- Como sem necessidade? Sem necessidade? Você esqueceu que dia que é hoje e ainda tem a capacidade de dizer que eu estou bravo sem necessidade.
- Mas eu não esqueci cacete!
- Ah vai começar a me tratar mal agora? Você faz a cagada e eu vou levar a culpa.
- Não, desculpa amor, desculpa, não devia ter falado assim.
- Ah eu já devia imaginar Maria Fernanda. Não sei por que crio falsas expectativas com você ainda.
- Desculpa Jairo.
- Desculpo, claro que eu desculpo, aliás eu sempre desculpo e acho que é por isso que você sempre volta a errar, porque sabe que o trouxa aqui vai te desculpar! – Fala e vai saindo de cena, Maria Fernanda vai atrás. – Nem precisa vir pro quarto, pode deixar que eu levo suas coisas, hoje a senhora vai dormir na sala. Boa noite!

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No meio da noite, a mulher começa a passar a mão no marido.
- O que foi? O que foi... – Resmungou ainda meio dormindo.
- Nada... – Disse e continua a passar a mão nele.
- O que você está fazendo Carla?
- Sei lá tava tendo um sonho e fiquei com vontade de...
- Nem comece. – Interrompendo-a. – São quatro horas da manhã, e daqui a pouco eu já tenho que levantar.
- Que isso, vamos nos divertir um pouco.
- Não.
- Ah para Sergio, é rapidinho...
- Já disse que não...
- Eu estou só de calcinha e sutiã. - Cochichou no ouvido dele. - Vamos dar uma rapidinha.
- Pior ainda, você acha que vou perder meu sono por causa de uma rapidinha? Nem pensar. – Vira para o lado e da o assunto como encerrado. – Ah e Coloca o pijama porque eu não quero ninguém tossindo amanhã cedo! Boa noite Carla.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A conta e um café!

- Garçom traz a conta e um café...
- Dois...
- Dois!
- Desculpe mais não temos café. – Disse o garçom educadamente.
- Como assim não tem? – Disse o cliente, não tão educadamente.
- Desculpe, mas não temos senhor.
- Então eu não vou pagar a conta!
- Oi?
- Não posso aceitar uma conta sem um café.
- Nem eu...
- Mas senhor não temos o café, contudo o senhor almoçou.
- Almocei porque achei que na hora que fosse pagar a conta teria um café.
- É que não servimos café aqui.
- Chama seu gerente pra mim...
- Senhor...
- O gerente, por favor. – Interronpendo.
- O que está acontecendo? – Perguntou o gerente educadamente, que passava exatamente quando foi requisitado.
- É que eu queria minha conta...
- Já vou tirar para o senhor. – Interrompendo
- E um café...
- Dois!
- Senhor, o café eu vou ficar devendo.
- Então eu vou ser obrigado a ficar devendo o almoço também.
- Mas senhor não servimos café.
- Desculpe, mas o meu cartão não passa sem café. – Disse e levantou da mesa.
- Nem o meu! – Também levantando.
- Calma, calma, vamos dar um jeito nisso. Pedro. – Chamou o garçom. – Vá até a padaria e traga um café para o senhor aqui.
- Dois!

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- Me vê um cafezinho médio, rapidinho, porque eu to com um pouquinho de pressa!
- Cafezinho ou pingado?
- Um carioquinha.
- Carioquinha ou cafezinho...
- Cafezinho carioquinha.
- Pingado?
- Não, carioquinha.
- Carioquinha não é a mesma coisa que o pingado?
- Não sei, é?
- É!
- Então pode ser...
- Qual pingado ou carioquinha?
- Não é a mesma coisa?
- Não, se fosse não teriam nomes diferentes.
- Ué, mas você acabou de falar que eram a mesma coisa!
- Mas não são...
- Qual é a diferença?
- Um é café com leite, e o outro é leite com o café!
- Qual que é qual?
- O café com leite é o pingado, e o leite com café é o carioquinha.
- Não da na mesma? Café com leite, e leite com café...
- Não, não. Um da o pingado e o outro da o carioquinha.
- Ta me vê qualquer um dos dois. Só agiliza porque eu tenho compromisso... Só não muito preto...
- Espera aí eu não vou admitir esse tipo de coisa aqui!
- O que?
- Esse tipo de preconceito no meu estabelecimento...
- Preconceito?
- Não manda muito preto, como assim muito preto... Respeito!
- Ãhm? Eu tava falando do café!
- Eu também!
- Quer saber me vê um copo de leite!
- Normal, desnatado ou semi-desnatado?

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- Ei que tal qualquer hora a gente tomar um café?
- Eu não gosto de café!
- Nem eu.
- Ué então porque está me convidando pra tomar um café?
- É modo de falar...
- Como assim modo de falar?
- Modo de falar, ‘vamos marcar alguma’, ‘marcamos um café’, essas coisas sabe?
- Ah...
- Então quando vamos tomar esse cafezinho?
- Já falei que eu não gosto de café, que fixação...
- A é desculpa. Então quando vamos marcar uma cervejinha?
- Não bebo cerveja.
- Não, você não entendeu ainda. Não quero dizer tomar cerveja mesmo. É só mais um modo de falar. ‘Sair tomar uma’, ‘brindar e conversar’, etc. É uma forma de convite figurativa.
- Ah... Agora entendi.
SILENCIO
- Quando vamos sair comer um negócio juntos?
- To de regime!
- É pelo jeito você não entende de modo de falar mesmo. Esse é mais um modo de te convidar pra sair, é um convite discreto...
- Quem não ta entendendo aqui parece que é você.
- Eu, como não?
- Não ta entendendo, que essas desculpas são um modo discreto de falar NÃO! – Pegou a bolsa e saiu. – Até parece que eu não gosto de café.

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- Sabe o que dizem sobre quem chocha o pão no café com leite né!
- Não... O que dizem?
- Que é meio coisadinho.
- Coisadinho? O que é coisadinho?
- Coisadinho... ‘Molha o pão no café com leite’, ‘afoga no chocolate quente’, ‘da ré no cappucino’...
- Nada a ver...
- Então ta né, se ta falando. – Disse e voltou a comer.
- Alcança o adoçante pra mim...
- Hum... Adoçante.
- O que?
- Chocha o pão. Toma café com adoçante. Só falta dizer que gosta de ovo com a gema mole.
- Seu ovo frito, com a gema mole, senhor. – Disse o garçom respondendo a pergunta como se estivesse escondido só esperando a perguntar vir a tona.
- Não acredito!
- O que? Qual o problema.
- Chocha o pão beleza. Pão com manteiga e ervas finas, já é meio forçado... Agora ovo com a gema mole... Aí já não tem mais como te defender.
- Não acredito que você ta insinuando que... Não acredito.
- Eu não to insinuando nada, seu ovo com a gema mole, ervas finas e pão chochado é que está! Fecha pra mim aqui. – Disse e saiu.

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- Parei de fumar...
- Poh parou mesmo, parabéns...
- Quer dizer to parando...
- Ah... Já é um começo.
- Pois é.
- Pelo menos ta se esforçando...
- É difícil parar de uma hora pra outra...
- É né.
- É.
SILÊNCIO
- E usando qual sistema pra parar? Adesivo, filtro...
- Agora só fumo quando tomo café. – Interrompendo-o
- Ah café e cigarro é a combinação né!?
- Pois é, um chama o outro.
- Eu gosto muito de café.
- Eu não gostava tanto, mas agora com esse negócio de só fumar quando tomo café me fez gostar mais...
- Aé?
- Se é, to tomando café toda hora! Aliás vou lá tomar um golinho. – Sacou a carteira de cigarro e saiu.

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- E a tia do café hein...
- O que é que tem ela?
- Não ficou sabendo o que aconteceu?
- Não. O que aconteceu?
- Foi mandada embora!
- Não acredito, quando?
- Ontem!
- Hum isso explica o porque o café tava com gosto de ‘café de ontem’.
- É.
- Mas porque ela foi mandada embora? O café dela era tão bom!
- Por isso...
- Isso o que?
- Foi mandada embora porque o café dela era bom!
- Ãhm?
- É... Como o café dela era muito bom, ninguém se concentrava, toda hora ficavam levantando pra ir pegar café.
- Loucura. E agora?
- Agora estamos pensando em fazer uma greve...
- Greve?
- É! Enquanto não contratarem ela de novo ninguém trabalha.