domingo, 22 de abril de 2012

A boa ou a ruim


- Oi?
- Eu tenho duas noticias pra te dar.
- Agora?
- Sim.
- Domingo, oito horas da noite, logo na hora da reprise dos gols da rodada?
- É!
O pai revira os olhos para o filho.
- Ta bom, fala.
- Então, eu tenho uma noticia boa e um ruim.
- Tá.
Silencio. Os dois ficam se olhando.
- Qual você quer primeiro?
- Tanto faz!
- Como assim ‘tanto faz’, lógico que não ‘tanto faz!’.
- Filho o pai quer assistir.
- Eu sei, então escolhe.
- Por que escolher, você não vai ter que dar a noticia de um jeito ou de outro?
- Sim, mas tem que escolher uma, ou a ruim ou a boa.
- E se eu não escolher?
- Se você não escolher eu não vou falar nenhuma.
- Então ta bom.
Para de prestar atenção no filho e volta a assistir.
- Pai!
- Caramba fala logo de uma vez.
- A ruim ou a boa?
- Qualquer uma, fala!
- Escolhe.
- Ta bom, a boa, a boa.
- Então tá... a boa é que...
- Não, não. Espera! – interrompe.
- O que foi?
- Fala a ruim primeiro.
- Ta, a ruim...
- Não, espera, espera.
- Que foi cacete!
- Olha a boca.
- Desculpa!
- Fala a boa... Não, a ruim. A boa ou a ruim? Por que se você falar a boa primeiro e for realmente boa a ruim vai estragar com ela. Agora se você falar a ruim primeiro a boa pode amenizar o choque.
- Escolhe qualquer uma pai.
- Calma não é bem assim.
Silencio.
- Boa ou ruim... boa ou ruim.
- Pai.
- Ta bom, fala a boa primeiro.
- A boa é que eu não preciso ir pra aula amanhã.
- E a ruim?
- A ruim é por que eu fui expulso. – Fala e vai para o quarto.
- Ei... volta aqui! Não tem nenhuma boa aí.
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Domingo, fim da festa do filho mais novo, os pais estão jogados no sofá exaustos.
- Nem acredito que finalmente terminou.
- Nem eu.
- Não aguentava mais ver criança na minha frente.
- A ultima vez que eu vi tantas crianças juntas num mesmo lugar foi quando eu estava na creche.
- Estou na duvida se eram realmente criança ou gremilins. Uma hora eu derrubei refrigerante surgiu dezessete crianças sambando em cima dele.
Os dois estão olhando para o teto.
- O que é aquilo no teto?
- Não sei, a essa altura do campeonato eu já não consigo enxergar mais nada.
- São rastros.
- Rastros, de algum bicho?
- Não, rastros de crianças!
- De crianças, como?
- Não sei. Deve ter sido aquele pequeninho que tava vestido de homem aranha.
- Ainda bem que ele não tava vestido de tocha.
Os dois tentam rir, mas não tem força.
- A devíamos parar de reclamar. O importante é que foi uma grande festa pro Arthurzinho.
- Nem me fale, viu a cara dele a hora que chegou o Bob esponja?
- Vi. Tava muito feliz.
- Pena que o Bob esponja foi embora antes do combinado.
- É, mas temos que dar um desconto é mais difícil trabalhar com cinquenta crianças em cima de você.
- É.
Silencio.
- O importante é que o Arturzinho gostou.
- Amou.
- Sim, no fim das contas somos bons pais né.
- Sim. Estamos nos saindo bem.
Silencio.
- Onde será que está o Arturzinho?
- A ultima vez que eu vi ele tava com você.
- E que eu vi ele tava com você.
- Qual foi a ultima vez que você viu ele?
- Um pouco antes dele derrubar o Bob esponja.
- Então, eu também.
Silencio.
- ARTURZINHO. – grita o pai.
- CARLOS ARTHUR. – grita a mãe.
Silencio.
- Ralf vai ver onde ele está.
- Por que eu? Vai você. Você é a mãe. E outra eu não consigo levantar daqui.
- E o que é que tem que eu sou a mãe? Você é o pai. E eu também não consigo levantar.
Silencio.
- Ah, ele deve estar dormindo... depois do dia exausto que ele teve, é de se esperar.
- É, ele penou pra derrubar o Bob Esponja. Deve estar morto. Vamos deixar ele descansar.
Silencio.
- No fim das contas somos bons pais.
- Sim, somos.
Silencio.
- Quero ver como vamos limpar o teto.
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- Mais um domingo que se foi hein!
- Pois é!
- A semana passou voando!
- É...
- Já é quase fim do mês.
- Nem me diga.
- Daqui a pouco já é natal de novo e o que nós fizemos?
Silencio.
- Nada. Mais uma semana sem fazer nada, um mês, um ano.
Só assente com a cabeça.
- Todo ano faço promessas de prestar a atenção. Pra quando chegar o final do ano eu conseguir tirar um extrato positivo e avaliar tudo que eu fiz.
Silencio.
- E todo ano não faço nada disso. Sabe, eu to cansado.
- Eu também.
- Não é por que eu não trabalho, que eu não posso estar cansado.
- É.
- Não é por que eu não faço nada que eu não quero nada.
- Ih.
- Ainda da tempo de recuperar esse ano, se eu começar a me mexer agora posso terminar ele com um saldo positivo. O que você acha?
- Acho legal, mas tem que ser agora, pleno domingo, e nem passou os gols da rodada.
Silencio.
- Ta, amanhã então!
- Amanhã cedo!
- Porra, mas segunda feira cedo, ninguém merece.
- Ta bom, começamos depois do almoço.
- Depois do almoço.
- O que nós vamos almoçar amanhã.
- Hum, tem essa também, tenho que resolver isso.
- É, vamos resolver um problema de cada vez, primeiro vamos ver isso do almoço, depois resolvemos o resto.
- Ta, agora fica quieto porque vai começar o Fantastico.

- Pai, pai.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Você é muito cachorro

- Ei, o que é isso?
- O que?
- Essa roupa.
- O que é que tem? Ta muito chamativa?
- Claro!
- Caramba eu vou trocar então.
- Não é pra trocar, é pra tirar!
- Por quê?
- Por quê? Por quê?
- É, por quê?
- Por que você é um cachorro, cachorro não usa roupa.
- Desde quando você entende de moda?
- Não é moda. Cachorro não usa.
- E nem fala.
Silencio.
- Quem disse que cachorro não usa roupa?
- Olha em volta, ta vendo algum cachorro de roupa?
- Não. Mas isso não quer dizer que...
- Claro que quer dizer! – interrompe. – vai tirar isso.
- Mas foi a Fernanda que colocou... E outra, vestiu tão bem. – da uma volta.
- Eu não vou sair com você vestido assim!
- E eu não vou sair com você pelado.
- Oi?
- Já parou pra pensar que o errado é você, por estar pelado.
- Não acredito que estou ouvindo uma coisa desta.
- É verdade.
- Ah, eu não sou obrigado. Vou embora que eu tenho mais o que fazer.
- Vai mesmo, tomara que a carrocinha te pegue e te prenda por atentado ao pudor.

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- Nossa não dormi direito a noite.
- Por que?
- Tem um guardinha novo na minha rua.
- Ih...
- Aí quando eu to quase pegando no sono ele passa apitando, então eu sou obrigado a ir latir pra ele.
- Já tentou esquecer ele.
- Como assim?
- Não pensar nele como um adversário.
- Não tem como.
- Claro que tem.
- Como.
- Tem que desapegar. Eu já não lato mais pra guardinha, lixeiro, carteiro...
- Carteiro? – interrompe. – não acredito que consegue ficar sem latir para o carteiro.
- Consigo.
- Me ensina isso aí. Não aguento mais, qualquer barulhinho eu levanto e vou, é mais forte do que eu.
- Você tem que relaxar. Meditar.
- Meditar?
- É. Sentar, fechar os olhos e relaxar.
- Se eu fechar os olhos eu durmo.
- Não pode dormir. Tem que ficar acordado, mas com os olhos fechados.
Os dois sentam e fecham os olhos.
- Só isso?
- Mais ou menos. Aí você tem que limpar sua mente, esquecer tudo.
- Sem dormir?
- Sem dormir!
- Ah não tem como.
- Você quer parar com isso ou não.
- Sim.
- Então faz o que eu to falando.
- Desculpa.
Silencio.
- E agora?
- Agora fica quieto.
Silencio.
De longe escutasse o barulho do carteiro.
- Relaxa. Mantem os olhos fechados. Esquece de t...
Ele sai correndo latindo para o carteiro.
- Desculpa, mas o carteiro já é demais.

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- Acho que não da mais pra gente ficar junto.
- Por quê?
- Por que você é muito cachorro.
- Obrigado
- Isso não é um elogio.
- Ah não?
- Não.
- Então o que quer dizer?
- Quer dizer que você é muito cachorro.
- Sim, disso eu sei.
- Ah então você concorda?
- Que eu sou um cachorro sim.
- Não, não é isso que eu to falando.
- Não to entendendo.
- To querendo dizer que você é um cachorro muito galinha.
- Muito galinha?
- É, um cachorro metido a garanhão.
- Pera aí, eu sou muito cachorro, galinha ou garanhão?
- Os três.
- Não to conseguindo entender.
- Você é muito mulherengo, isso que eu to querendo dizer, quando digo que é muito cachorro.
- Mulherengo, mas eu gosto de cachorra.
- Por isso mesmo.
- O que?
- Por que não pode ver uma cachorrinha e já vai logo cheirando ela.
- Ah é isso.
- Sim, é isso.
- Não, mas eu não faço nada demais.
- Não, não faz.
- Não, eu só converso.
- Sério gatinha.
- Nem venha com esse gatinha pra cima de mim. – vai saindo.
- Ei, desculpa, eu não vou mais ser tão cachorro!

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- Cara, você é muito puxa saco.
- Ãhm?
- Você é muito puxa saco.
- Como assim?
- Os mima demais.
- Nada a ver.
- Ah não?
- Não!
- Então por que ta plantado ai na porta.
- To esperando o Mai... – para no meio.
- Viu.
- Ah larga da minha pata.
- Você acha que ele está dentro do carro pensando, “nossa o Tob está me esperando”.
Silencio.
- Tem que relaxar cara. Não pode correr atrás das borboletas tem que cuidar do jardim pra que elas venham atrás de você.
- Falou o cara que não pode ver um mosquito que já sai pulando igual um louco.
- Não, você não entendeu o que eu quis dizer.
- Tem que deixar eles virem atrás de você.
- Você fala isso por é um egoísta, não passa de um gato egoísta.
- Eles quem vem fazer carinho em mim e não é ao contrario.
Silencio.
- Tudo bem, se quer ficar plantado aí boa sorte, mas eles foram viajar.
- Claro que não.
- To falando.
- Como você sabe.
- Ouvi eles dizendo, não aguenta mais você sufocando eles.
- Sério que eles disseram isso?
- Não, claro que não.
- Ah me esquece. – volta a vigiar a porta.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sonho estranho

- Amor. – fala beijando o pescoço, daquele jeito que a mulher só faz quando vai soltar uma pergunta cabeluda.
- Hum?
- Você já me traiu?
- Que pergunta besta... – para de assistir a TV.
- Já?
- Lógico que não!
- Não minta.
- Meri...
- Sim ou não.
- Já falei que não.
Silencio.
Que dura pouco.
- Nem nos sonhos?
- Oi?
- Nunca sonhou que estava com outra mulher.
- Não.
- Ah, para, todo mundo já sonhou, eu já sonhei que estava com outros homens, com o George Clooney, Gianechinni.
Silencio.
- Vai, responde!
- Sonho não é traição.
- Ah então quer dizer que você já me traiu nos sonhos?
- Nada a ver, eu não controlo meu sonhos.
- Não mesmo... Quem controla é mulher que ta nele.
- Para de viajar Meriane.
Silencio. Volta a olhar para TV.
- Ela é bonita?
- Ela quem?
- A mulher que você está me traindo.
- Já falei que eu não tenho nada a ver com isso.
- Que seja, a mulher dos seus sonhos. É bonita?
- Não sei.
- É mais bonita do que eu?
- Eu não me lembro do rosto.
- ah, então você viu ela pelada!
- Eu não vou mais responder isso. Chega!
Silencio.
- Viu né, viu que eu sei. Seu sonho é ver uma mulher pelada.
Silencio.
- É sempre a mesma? Ou tem mais?
Silencio.
- Anda, fala.
- Você está pirando.
- Tem mais de uma né, você é um sem vergonha. E eu olhava pra sua carinha de feliz dormindo, tão bonzinho. Agora eu entendi o por que daquele sorrisinho, tava com essas piranhas.
- Meu Deus.
Levanta e vai para ir para o quarto.
- Pode ficar com elas aqui na sala, não quero essas mulheres na minha cama.
- Ah, mas você também falou que já sonhou com outros homens!
- Mas o Clooney não conta como traição. – bate a porta do quarto.

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- Menina você não sabe o sonho que eu tive.
- Ui, me fala.
- Sonhei que acordava num lugar estranho.
- Lugar estranho?
- É, uma casa grande, com as paredes pretas.
- Nossa.
- No quarto onde eu estava tinha varias camas vazias.
- Estava arrumadas ou bagunçadas.
- Que diferença faz?
- Não sei, mas é que tenho agonia de cama desarrumada.
- Tava arrumada, como se ninguém nunca tivesse deitado nelas.
- Que desperdício, tantas camas e lá em casa não tem uma pras visitas, tem que colocar o Aroldo pra encher aquele colchão com a boca.
Silencio.
- Ah desculpa, pode continuar.
- Eu sai do quarto e tinha um corredor grande, cheio de quadros com todas as pessoas que passaram na minha vida, desde a infância.
- Ah, então tinha bastante quadro hein, por que sua infância já faz tempo.
Da risadas sozinha a amiga fica séria.
- Desculpa.
- Eu ia caminhando no corredor, ele ia ficando cada vez.
- Falei pra você fechar a boca, mas não, você não me escuta.
- Eu não vou falar mais nada.
- Ta, ta, continua, não vou mais me intrometer.
- Eu chegava numa portinha, ela estava trancada, então não sei o porque eu coloquei a mão no bolso e senti uma chave.
- E aí?
- Aí eu abria a portinha e entrava, a porta dava pra uma praia deserta.
- Nossa!
- Lá estava cheio de bombeiros, lindo e sarados.
- Hum que inveja.
- Então eu tirei a minha roupa e fui para o mar. Lá comecei a me afogar. Então os bombeiros vinham e me salvavam.
- Malandra.
- O que era estranho é que nenhum me quis, eram todos viados.
- A não se fazem mais nem bombeiros dos sonhos como antigamente

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Toda mulher acha que nasce com um dom: o de interpretar os sonhos.
No meio da noite, Benedito, acorda com um pulo na cama, acordando também a mulher.
- O que foi Benedito.
- Tive um pesadelo.
- Com o que?
- Não, nada não. – vira para o lado tentando desconversar.
- Fala Benedito.
- Foi só um pesadelo. Dorme. – desliga a luz.
A mulher fica sentada na cama olhando para ele, que finalmente cede, senta na cama e começa a contar o sonho.
- Ta, ta... eu conto.
- Vai.
- Então eu estava fugindo de uns caras.
- Como era esses caras?
- Tem importância?
- Sim.
- Era, uns homens com cara de mal.
- Ah quer dizer que você tem que cuidar com as más companhias, evitar aquele Flavinho.
- O que o Flavinho tem a ver com o pesadelo?
- Não sei, só to tentando interpretar o sonho. Continua.
- Então eles vinham me seguindo e do nada eu caia num buraco...
- Hum, isso não é bom, não é nada bom.
- O que?
- Sonhar que está caindo num buraco, quer dizer queda na vida particular, tomara que não me afete.
Benedito olha com uma cara de bravo para mulher.
- Vai, continua.
- Dentro desse buraco estava cheio de ratos e insetos.
- Rato e insetos, quer dizer que você está precisando de uma limpeza. Se livrar dos maus fluidos.
- É, faz tempo que não me livro de algum fluido.
- Oi?
- Nada.
- Continua.
- Os bichos me viam e começavam a vir pra cima de mim, eu começava a escalar o buraco.
- Novos desafios.
- ãhm?
- Escalar, quer dizer que você está buscando novos desafios.
- Quando eu chegava lá em cima os caras estavam me esperando, então eu só tinha duas opções ou voltar para o buraco ou enfrentar ele.
- Indecisão. Mostra que você tem que tomar uma posição na vida. Se impor. Logo, logo terá que tomar uma decisão. Mas continua.
- Então eu ia recuando e eles se aproximando, eu indo, eles vindo, então quando eu estava na beira do buraco e eles o mais próximos de mim eu acordei.
- Como assim?
- Como assim o que? Eu acordei!
- Não pode, você tinha que ter terminado.
- Você é louca. – deita e vira de costas pra ela.
- E você é um banana que não sai de cima do muro, com um amigo mau caráter. – deita e se vira, também dando as costas. – tomara que você volte para o seu pesadelo.
- É e que os homens me peguem e me matem. – resmunga.

domingo, 8 de abril de 2012

Ressurreição


- E aí, ta pronto pra voltar?
- Oi?
- Pra voltar pra lá!
- Lá onde? – olhou em volta.
- Pra terra.
- Como assim, eu acabei de vir de lá.
- Sim, eu sei...
- Então. – interrompe.
- Mas é que você tem que voltar pra provar quem você é mesmo.
- Que isso, todo mundo já sabe quem eu sou, ainda mais depois de ontem.
- Claro, mas temos que mostrar que eles não venceram.
- É... Tecnicamente eles venceram.
Olha com cara bravo pra ele.
- Mas quem disse que vencer é tudo. – fala, tentando consertar.
Silencio.
- Vou ter que ir mesmo.
Balança a cabeça fazendo que sim.
- Mas já, aqui é tão calmo, não tem ninguém me pedindo nada.
- Ainda...
- Oi?
- Nada, nada. Vai se arrumar.
- Pra que me arrumar?
- Não vai vestido assim, né?!
- Ué por que não. – se olha tenta ver o que tem de errado.
- Tem que causar uma boa impressão.
- E ressuscitar já não causa.
- Sim, claro, mas é bom estar bem vestido. Passa mais credibilidade.
- Não estou com a mínima vontade de ir.
- É preciso!
- ‘É preciso, é preciso’... é preciso, então vai você. – resmunga.
- Disse alguma coisa.
- Não, não disse nada...
- Não adianta ficar emburrado.
- Ah pai, deixa mais uma semaninha, depois eu vou. Isso vai impressionar mais eles.
- Que mais uma semaninha, você tem que usar o mesmo corpo.
- O que?
- Sim, não achou que eu ia te mandar com outra aparência.
- Claro que achei, você troca de aparência toda hora!
- Faça o que eu digo, não faça o que eu faço.
- Mas aquele lá ta meio acabado. Ainda mais depois de...
- Não, mas já estou dando um jeito. – interrompe.
- Ah bom!
Silencio.
- Coloca mais um pouquinho de musculo nele?
- Que mané musculo.
- Ah pai, me deixa ficar mais hoje.
- Não posso deixar as coisas esfriarem.
- Mas não vai esfriar.
Fica olhando pra ele.
- Amanhã cedinho eu vou, antes da missa.
- Será.
- Sim, vamos deixar eles refletirem hoje. E amanhã: BAM!, eu apareço de surpresa.
- Não sei.
- Ah pai, fazia 33 anos que eu não ficava de bobeira em casa.
- Ta bom então.
- Valeu. – corre abraçar Deus.
- Mas amanhã cedinho você vai. Sem falta.
- Ta!
Deus vira as costas e sai. Jesus volta a assistir televisão.
- Obrigado Pai! - grita.