segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Lógico, é carnaval!

- Onde você ta indo?
- Pular carnaval!
- Como assim pular carnaval?
- Ué, pulando, dançando, cantando, se divertindo...
- Mas você é um cachorro, não pode pular carnaval!
- Por quê?
- Porque cachorro não pula carnaval.
- Quem disse?
- Eu. E o mundo inteiro.
- Nunca vi o mundo inteiro dizer isso, só to vendo você. E outra eu pulo carnaval todos os anos. Desde que eu completei dois anos. Você que não viu por que só sabe dormir.
- Ah eu durmo mesmo, os feriados foram feitos pra isso.
Silencio.
- O que você ta esperando?
- O Bob, e o Max vão passar aqui. Tão terminando de vestir a fantasia.
- Fantasia?
- É vamos num baile a fantasia.
- Baile a fantasia de cachorro? Só me faltava essa.
- O que, você nunca foi?
- Não!
- Nem de baile a fantasia de gato?
- Não. Gato não comemora o carnaval!
- Nossa que chato ser gato.
Silencio.
- Veste uma fantasia de cachorro e vem com a gente!
- Não, eu não gosto de fervo, bagunça. Prefiro dormir.
Silencio.
- Não é um baile a fantasia?
- Sim!
- E por que você não esta de fantasia?
- Mas eu to!
- Do que?
- De vira lata!
Silencio.
- Eu tava sem dinheiro pra alugar fantasia. Vou lá, eles chegaram.

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- Mãe to indo.
- Onde?
- Pular carnaval.
- Ta bom.
Ele vira as costas e vai saindo.
- Ei se for transar use proteção.
- Mãe!
- O que?
- Eu vou transar, não jogar paintball.

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- E aí, já pegaram quantas?
- Eu já peguei cinco.
- Eu peguei sete.
- Caramba acredita que ainda não peguei nenhuma.
- Não acredito.
- Sério.
- Ta muito fácil, por que não pegou?
- Não sei, eu to chegando em todas, e nada.
- Porra, mas você é o que sempre pega mais.
- Pois é, sei lá o que ta acontecendo.
- Será que não é a tua fantasia.
- Não, não pode ser.
- Sei não.
- Não é. Minha fantasia ta perfeita.
- É, realmente está perfeita.
- Mas não sei se devia ter exagerado tanto.
- Não tem como se fantasiar de Lady Gaga sem exagerar tanto.
- É ele tem razão.
Silencio.
- Por que será que não to pegando ninguém. – fala e sai desfilando no salto atrás das mulheres.

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- Pai to indo.
- Onde?
- Pular carnaval.
- Ta, cuidado pra não arrumar um filho por aí.
- Que isso pai, não sou irresponsável assim. Uso sempre camisinha. E com tanta propaganda assim tem que ser muito burro pra acontecer alguma coisa desse tipo no carnaval.
- Ei, saiba que na minha época não tinha tanta propaganda assim. Eu não tenho culpa.

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- E aí cade a camisinha.
- Putz, não tenho!
- Não sem camisinha não rola.
- Ah não é.
- Não.
- Mas é carnaval!
- Por isso mesmo que você tinha que ter camisinha.
- Por que.
- Por que é a época que mais se usa camisinha.
- Mas eu não esperava que ia rolar alguma coisa.
- E não vai.
- E se eu correr lá buscar uma.
- Aí eu vou perder o clima.
- Não vai não. Eu vou correndo e volto correndo.
- Ah não, se você sair pedir camisinha agora vão saber que você vai fazer sexo.
- E o que é que tem?
- Eu tenho vergonha.
- Vergonha por que? É carnaval.
- Por isso mesmo, vão pensar que eu sou dessas que sai dando pra qualquer um no carnaval.
- Ei eu não sou qualquer um.
- Eu não sei nem seu nome.
- Dimas! Pronto não sou mais qualquer um.
- Ta, mas mesmo assim não da...
- Por que, é carnaval ninguém ta nem aí pros outros.
- Ah mas e se alguém ver você pegando...
- Ninguém vai te ver. Eu vou lá peço pra um amigo e volto.
- Mas e depois quando você me apresentar para o seus amigos, o que eles vão pensar?
- Eu não vou te apresentar pra eles.
- Ué, por que não?
- Por que é carnaval!

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- Ei gatinha que tal você dar uma ré na minha marchinha! – fala no ouvido.
- Que palhaçada é essa.
- Aí caramba, você é homem.
- Sim. – responde e arruma a calcinha, bravo.
- Desculpe, me confundi.
- Confundiu é, você vai ver só. – sai.
Silencio. Ve outra de costas para o balcão.
- Delicia, quer ver a mangueira entrar. – chega cochando.
- Ei, que porra é essa de mangueira?!
- Você é homem também. – leva um susto.
- Claro. Tira essa mangueira pra lá! – arruma a saia.
- Foi mal, é que eu vi de costas, parecia uma mulher.
- Opa, opa... Como assim?!
- Quer dizer, não é que parecia, parecia... É que eu já bebi, e...
- Então da uma segurada na bebida aí.
- Verdade, né. Desculpa novamente.
- Dessa vez passa, por que é carnaval. – arruma os peitos falsos e vai embora.
O homem fica parado no balcão, tomando uma dose.
- E aí gato, bora pra pista, só tava faltando você pra completar meu bloco! – arruma a gola da camisa.
- Sai pra lá!
- Ei você ta louco.
- Ah você é mulher.
- Claro que eu sou mulher. O que você pensou que eu era? – coça a calça na parte do saco.
- Sei lá, você ta vestida de homem.
- Lógico, é carnaval.

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Alta madrugada, a porta se abre, o homem entra de fininho, sem camisa com colar havaiano, confetes e serpentina no corpo. Acende a luz, se depara com a mulher esperando ele no sofá.

- Bonito, em seu Zé!
- Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele? Oi, amor!
- Onde você estava?
- Na empresa.
- Como na empresa, hoje é feriado. Você saiu buscar pão e sumiu...
- Fui buscar o pão na empresa.
- Oi?
- Oi!
- Zéééé...
- Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele?
- Cala a boca.
- Desculpa!
- Por que você está sem camisa e cheio de confetes na cabeça.
- Por que é carnaval!
- Eu sei que é carnaval. Eu quero saber o que isso tem a ver?
- Tem tudo a ver, vai num baile de carnaval pra você ver se não sai assim também!
- O que você foi fazer num baile de carnaval?
- Buscar pão?
- Quem é que vai buscar pão num baile de carnaval?
- Eu. Era o único lugar aberto.
- E cadê o pão.
- Não tinha pão.
- Claro que não tinha, é um baile de carnaval, lógico que não vai ter pão.
- Você que pensa! Tinha até ET, por que não pode ter pão.
- Você não tem vergonha na cara?
- Tenho.
- Não parece.
- É, por que está debaixo dos confetes e das serpentinas.
- Zéééé...
- Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Cara, e se...

No bar, depois de algumas cervejas.
- Cara.
- Oi?
- Se você fosse pra uma ilha deserta.
- Ih eu to sem dinheiro.
- Pra que?
- Pra ir pra uma ilha deserta. Vou passar o carnaval em casa mesmo.
- Não, não to falando pra ir passar o carnaval. Se hipoteticamente você tivesse dinheiro e fosse pra uma ilha deserta...
- Se eu tivesse dinheiro não ia pra um ilha deserta, ia pra uma ilha cheia!
- Não, eu sei...
- Por que se eu tenho dinheiro, no carnaval, numa ilha meu amigo, eu ia fazer a festa. E ia ser tudo por minha conta. Você ia junto.
- Não, to falando.
- Eu pagava a sua. – interrompe.
- Não...
- A você não sabe o que ia perder. – interrompendo, novamente.
- É, se fosse tudo pago...
- Eu ia pagar tudo, tudinho!
Os dois fazem silencio e ficam imaginando como seria.
- Não, mas não é isso que eu to falando. To falando se te mandassem pra uma ilha deserta. Sem você ter escolha. E você só pudesse levar uma coisa. Só uma! O que seria?
- Eita, essa é difícil. Numa ilha cheia é mais fácil de imaginar.
- Não, mas essa é vazia, só você e você.
- O que eu levaria? Pode ser qualquer coisa?
- Qualquer coisa. Mas só uma!
- Eu levaria um barco. E com ele ia até a ilha cheia.

Algumas cervejas mais tarde.
- Bicho...
- Hum?
- Ei, fala direito comigo. To falando contigo na boa!
- Eu to falando direito, falei “hum”...
- Você não falou “hum”, falou “HUM”.
- E qual é a diferença?
- Sei lá, mas é diferente.
Silencio.
- Cara.
- O que foi amigo, querido, idolatrado, salve, salve...
- E se você descobrisse que vai morrer amanhã a noite.
- Por que? Eu to bem, não to sentido nada. Isola. – bate sete vezes na mesa.
- Pra isolar, tem que bater só três vezes na mesa.
- Mas eu isolei pra caramba.
- Ah... Então, não to falando que você vai morrer... to falando se você fosse, hipoteticamente, sabe SE, SE...
- Entendi...
- Então, SE você descobrisse que vai morrer amanhã, o que faria?
- O que eu faria?
- É, vinte e quatro horas de vida. Mais nada.
- Deixa eu ver...
- Vamos lá, seu tempo já está correndo...
- Você disse que era hipopéticamente.
- Hipotética...
- É.
Silencio.
- E aí?
- Calma cara eu tenho menos de vinte quatro horas de vida, o mínimo que você pode fazer é ter calma.
- Eu to calmo, mas você precisa agilizar não quer deixar nada pra trás.
- Pede mais uma cerveja que eu vou no banheiro.
- Agora?
- Cara, poderia ser minha ultima ida ao banheiro.
- Poh que exagero, você teria vinte quatro horas, dava pra ir mais vezes.
- Não, mas se eu descobrisse que vou morrer em vinte quatro horas não ia desperdiçar indo no banheiro. Agora pede outra cerveja que meu tempo ta acabando.

Muitas cervejas mais tarde.
- Cara
- Oi?
- Pra quem você está olhando?
- Praquelas duas irmãs.
- Lá só tem uma?
- Tem certeza que não são gêmeas.
- Certeza? – Da uma olhada pra conferir – tenho!
- Que pena, então não vai ser hoje que eu vou realizar o meu sonho de fazer amor com gêmeas.
Silencio.
- Cara...
- Oi?
- Se o diabo aparecesse aqui.
- Ah ele não apareceria.
- Como você sabe?
- Por que se ele aparecesse minha mulher avisaria que a mãe dela tava vindo.
Os dois caem na risada.
- Não, sério. Sério. Se o capeta
- É o diabo ou o capeta?
- Os dois são a mesma pessoa.
- Não, não.
- Claro que sim.
- Não, o diabo é o chefe e o capeta é funcionário.
- Da onde você tirou isso?
- Catequese.
- Não sabia que tinha feito catequese.
- Pois é, eu fiz, reprovei dois anos mas consegui terminar!
- Parabéns.
Erguem os copos, brindam, colocam o copo na mesa e fazem o sinal da cruz errado.
- Quem diria hein, você todo religioso.
- Pois é, se não fosse o vinho, hoje eu seria padre.
- Por que se não fosse o vinho?
- Por que padre tem que beber vinho, e eu não gosto de vinho, se padre bebesse cerveja eu ia ser o melhor padre da região.
Os dois assentem com a cabeça.
Silencio.
- Mas então.
- Então o que?
- Se o Diabo aparecesse aqui e dissesse que realizaria qualquer desejo em troca da sua alma.
- Um só?
- Só um!
- Porra, mas minha alma ta valendo pouco mesmo hein. Já ouvi pessoas que ele ofereceu três.
- É, mas estamos em meio a uma crise, sabe como é...
- Não tem como negociar?
- Não. É um só. Um desejo, qualquer coisa.
- Qualquer coisa?
- Qualquer?
- Eu ia pedir, praquela mulher ser gêmeas...
- O que?
- Ia pedir pra eu estar certo, e realmente elas serem gêmeas.
- Só isso?
- Se fosse só um, sim...
- Porra, tem tanta coisa pra ser feita e você ia pedir pra ela ser gêmeas...
- Sim, a alma é minha, que vai ter que trabalhar pra Ele sou eu...
- Ah eu vou pedir outra cerveja.
- Olha aí, e reclamando do meu pedido.

Todas as cervejas depois, o bar vazio e fechando.
- Cara.
Silencio
- Cara.
Silencio.
- Acorda!
- Vem pra cá gêmeas.
- Vamo embora.
- Já?
- O bar ta fechando.
- Ué, mas ainda ta cedo, nem escureceu.
- É mesmo, por que será que ta fechando.
- O dia clareou. – grita o garçom.
- Minha nossa eu não acredito.
- O que foi cara?
- Minha mulher vai me matar.
- O que você vai fazer? Já sabe que vai morrer, agora pensa no que vai fazer...
- Para de brincar cara.
- Tive uma ideia.
- O que? Falar que você ficou mal e eu passei a noite com você no hospital?
- Não.
- O que então?
- Fala que você ficou preso numa ilha deserta.
- Para, eu to ferrado. Minha mulher vai me botar pra fora de casa.
- Hum...
- Que foi?
- Cade o diabo com aquele pedido na hora que a gente mais precisa...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Na recepção

- Alo é da recepção?
- Não... Recepção, que recepção?
- Do hotel.
- Não é de recepção, você deve ter discado errado.
- Tem certeza que você não é a recepcionista?
- Como assim? Eu tenho certeza que eu não sou, isso é algum trote?
- Não eu to no hotel e tentei ligar para a recepção!
- Sinto muito, mas você deve ter discado errado.
- Estranho ta aqui no cartãozinho: numero da recepção, e esse numero.
- Mas não é!
- Ta bom então, desculpa.
- Está desculpado.
Desliga o telefone. Confere no cartão e liga novamente.
- Pronto.
- Alo recepcionista.
Silencio.
- Alo... Alo...
- Você ligou errado de novo.
- Oi?
- Você ligou pra minha casa de novo.
- Sério?
- Não eu to brincando.
Silencio.
- Qual é o numero que você esta ligando?
- Qual numero é o seu?
- Fala você quem ligou.
- é: zero, jogo da velha e o nove.
- Você discou isso e caiu na minha casa?
- é o que parece... estranho geralmente os números residenciais são sempre oito números.
- Mas aqui em casa também é!
- Tem certeza que não é zero, jogo da velha e o nove.
- Claro que eu tenho certeza.
- Vai ver então, deve ser alguma linha cruzada.
- Deve ser.
- Vou ter que descer lá pessoalmente. Desculpa o incomodo, vou aproveitar e falar disso pra ele.
- É aproveita.
- Obrigado, e novamente desculpa.
- Não esquenta, acontece.
- Tchau...
- Ei espera aí. – fala antes dele desligar.
- Oi?
- O que você queria na recepção?
- Não, não era nada, não esquenta.
- Que isso pode falar, vai ver eu posso ajudar. Já que incomodou tanto mesmo.
- Tem certeza que você não é recepcionista?
- Não... Bobo.
Os dois riem.
- E aí, o que era?
- O que?
- O problema?
- Ah... então, minha TV não está pegando.
- E isso acontece sempre aqui em casa também. Já tentou mexer no cabo?
- Cabo, que cabo?
- Atras da TV, as vezes está solto.
- Não, vou dar uma olhada. Obrigado.
- Que isso.
Desliga. Vai até a televisão, mexe no cabo, a TV volta a funcionar. Ele fica pensativo. Pega o telefone e liga pra agradecer. Dois toques. Atendem.
- Oi, pegou, brigadão!
- Pegou o que senhor?
- A TV, voltou a funcionar.
- Ela tinha parado de funcionar?
- Quem está falando?
- Da recepção.
Silencio.
- Alo, senhor, aconteceu alguma coisa.
Silencio.
- Senhor...
- Não, nada não, liguei enganado.
- Ta ok, precisando de algo é só ligar senhor.
Desliga o telefone. Vai assistir a TV que agora está funcionando. Mas só consegue pensar na “não-recepcionista”.

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- Ei o que você ta fazendo?
- Guardando umas toalhas.
- Como assim?
- É brinde amor, por que você acha que deixam tantas toalhas assim? Como cortesia para os hospedes.
- Tem certeza.
- Sim, tem dez toalhas, ninguém usa dez toalhas em vinte quatro horas. Nós usamos a mesma toalha a semana inteira.
- Sera?
- To falando, ninguém usa tudo isso de toalha, nem o Tony Ramos não usa.
- É né!
- Claro, vai por mim eu já viajei muito.
- É eu sei, mas ainda bem que você parou de fumar...
Silencio.
- Pega os shampoo e os mini-sabonete no banheiro também
- Oi?
- Shampoo e mini-sabonte? Pra que?
- Ué vão ficar aí, ele vão jogar fora. Eles não reaproveitam essas coisas.
- Sim, mas não é pra nós levarmos também.
- Amor nós pagamos uma fortuna por uma diária, quando vi preço achei que era preço de uma mensalidade, não o de uma diária.
- Tem certeza?
- Sim, eles nem ligam.
- Então ta.
Continuam recolhendo as coisas. Ela vai mexer no frigobar.
- Ei, o que você está fazendo?
- Já que eles não reaproveitam as coisas vou pegar as coisas do frigobar.
- Não, você está louca?
- Por que?
- Isso é roubo!
- Ah é?
- Sim. Guarda esses refrigerantes lá e vem me ajudar a tirar esses lençóis.

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- Desculpa senhor, mas o café da manhã já encerrou.
- Mas pera aí, disseram que ficava até as dez.
- Pois é, e agora já são dez e quinze.
- Ah... Mas que isso moça ta cheio de gente comendo...
- Mas é que eles chegaram no horário.
- Eu sei, eu sei. Só que eu perdi a hora por que a mulher da recepção não ligou pra me acordar assim como eu tinha pedido.
- Sinto muito senhor.
- Senti muito? Senti muito?
- Sim, sinto muito!
- Eu quero falar com o seu gerente.
- Ele está na mesa tomando café!
- Então deixa eu entrar falar com ele!
- Sinto muito, mas só posso deixar entrar até as dez.
- Que palhaçada é essa.
- Não é palhaçada senhor, são as regras, está no contrato.
- Moça eu frequento esse hotel toda vez que venho a cidade, você não deve me conhecer por que é nova aqui.
- Deve ser.
- Então, abre uma exceção pra mim.
- O senhor vem sempre no hotel?
- Toda as vezes me hospedo aqui.
- Então o senhor sabe como funciona.
- Sim, eu sei.
- Então sabe que não podemos deixar ninguém entrar depois das dez.
- Ta, mas não vai mais acontecer.
- Que bom, eu não gosto de ter que barrar nenhum hospede.
- É deve ser ruim mesmo.
Ela fala, vira as costas e o deixa na porta.
- Ei, abre aqui então pra mim.
- Sinto muito, mas não posso! Se abrir pra você vou ter que abrir para os outros.
- Que outros não tem mais ninguém aqui.
- Isso é o que o senhor pensa. Isso é o que pensa.
Ele fica na porta, ela pega um prato e se serve com ovo mexido e salsicha com molho.