domingo, 12 de setembro de 2010

Enrolando...

-Adorei te conhecer sabia?

-Hum?

-Falei que adorei te conhecer.

-Ah eu também.

-Você também o que?

-Adorei te conhecer.

-Adorou mesmo?

-E como...

-O que mais gostou?

-O que eu mais gostei?

-É.

-De tudo.

-Deve ter alguma coisa que gostou mais.

-Não, gostei de tudo, tudinho.

-Aí que lindo... Que mais?

-Que mais o que?

-Fala mais.

-Gostar de tudo já não ta bom?

-Ta bom, mas é que eu esperava mais antes de te conhecer.

-Mais o que?

-Mais, mais... Sabe mais.

-Até alguns segundos atrás disse que tinha adorado me conhecer.

-E adorei só que esperava que você soubesse se expressar melhor.

-Mas o que você quer saber?

-O que mais você gostou em mim.

-A você quer saber? Quer? Ta bom o que eu mais gostei foi da sua bunda.

-Você é igual aos outros...

-Você quem perguntou.

-Mais não era essa resposta que eu queria.

-E qual resposta era?

-Todas menos essa.

-Ta bom eu menti pra você eu gostei mais do seu jeito meigo, dos seus olhos.

-Ah quer dizer que minha bunda não é boa o suficiente pra você?

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-Desculpa é que é a primeira vez que eu faço isso.

-Ah capaz.

-Sério, to muito nervoso.

-Calma você ta indo bem.

-Ah já começou.

-Sim, sim...

-Aí que medo.

-Relaxa.

-Eu to tentando, mas você não sabe como é difícil pra mim.

-É difícil pra todos na primeira vez.

-Ah é pensei que fosse só comigo.

-Vai com calma, com calma.

-Desculpa.

-Para de se desculpar, você não ta fazendo errado, digamos que pra primeira vez ta indo muito bem.

-Ah você ta falando isso só pra me agradar.

-Não, pior que não, apesar de você estar pagando.

-Foi à única maneira que eu achei pra fazer isso.

-Eu sei não estou falando por mal, muitos fazem a primeira vez assim.

-Menos mal.

-Fica tranqüilo.

-Acho que é agora.

-Já... Quer dizer, então vai.

-Nossa que sensação estranha.

-É normal ser estranha.

-Ah, ah, ah, foi...

-Viu não foi tão difícil.

-É pior que não, agora vamos provar pra ver se está gostoso.

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-Você mora aqui na frente.

-E você mora aqui na frente.

-Prazer Vargas.

-Teka.

-Teka? De Estela.

-Não de Tereza.

-Ah de Tereza e da onde o Ka.

-Sabe que eu não sei só lembro de me chamarem assim.

-Pois é um dia você acorda e todo mundo está te chamando por um apelido, pelo sobrenome...

-E o Vargas é primeiro nome mesmo.

-Não, é o quarto.

-Quarto?

-É tenho três nomes antes.

-E porque te chamam pelo quarto?

-Porque a cozinha é muito longe.

-O que?

-Foi uma piadinha...

-Ah...

-Então chamam pelo quarto porque os outros três não pegaram.

-Como assim não pegaram?

-Lembra no colégio quando tentava te dar um apelido e não pegava?

-Lembro.

-Foi o que aconteceram, tentaram o primeiro nome não pegou, o segundo tava começando a pegar mais apareceu mais um na minha sala com igual, fui pro terceiro ficou um tempo até cair em desuso.

-E se esse não pegar?

-Vou ter que inventar um apelido.

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-Oi vizinha.

-Opa, daí tudo bem?

-Tudo, tudo.

-Então o que você quer vizinho?

-Vim cobrar minhas xícaras de açúcar, café, farinha e sal que você pegou e não devolveu.

-Hum?

-Não que eu esteja precisando mais é só pra não acumular mais né...

-Se ta de brincadeira né vizinho sempre com esse senso de humor...

-É senso de humor é tudo mesmo... Só que eu não to brincando não.

-Você ta falando sério?

-Seriíssimo.

-Mais se não me engano eu devolvi todas as xícaras que peguei.

-Sim mais não to falando da xícara to falando do conteúdo, peraí que eu tenho anotado.

-Você anotou?

-Depois da quarta xícara de açúcar sim.

-Ah é assim então?

-Só quero pegar pra não acumular mais.

-Você é um louco eu vou devolver e nunca mais pego nada empresado do senhor.

-Duvido.

-O que?

-Duvido.

-Ah o senhor é muito desaforado mesmo não sei onde eu tava com a cabeça quando peguei alguma coisa emprestada do senhor. Vou pegar suas “xícaras” e nunca mais quero ver o senhor na minha frente.

-Aproveita e vê se tem maisena pra me emprestar.

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Na fila do almoço.

-Você coloca o feijão em cima do arroz?

-Sim, por quê?

-Não sei se você sabe mais ta errado.

-Errado?

-É, o feijão vai antes do arroz.

-Porque?

-É a lógica.

-Lógica?

-Sim, veja bem feijão, arroz e carne.

-Ta mais o porque do feijão ir por baixo.

-Ta na bíblia.

-Na bíblia?

-Sim, na hora da santa ceia...

-Mais eles não comeram num buffet no dia da santa ceia.

-Ah não.

-Não.

-É não só que na hora que eles estavam na mesa, se não me engano José alcançou a panela pra Judas, e quando Judas foi colocar no prato Jesus disse “Feijão vai por baixo”...

-Ahm?

-“Feijão vai por baixo”.

-Onde você viu isso?

-Na bíblia.

-Que parte?

-Na parte final lá, na hora da janta...

-Você ta inventando isso.

-Não, pode procurar...

-Ah você não achou uma explicação...

-Acabei de explicar.

-Ta bom, ta bom...

-O que? você vai misturar feijão com o macarrão...

-Ih de novo?

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-Ei, ei, você.

-Eu?

-É.

-Fala?

-Sabe que eu acho que te conheço de algum lugar.

-Eu?

-É, você não é primo da – da... Como é o nome dela mesmo?

-Karla.

-Isso, Karla.

-Sabia que era você. E como ta a Karla?

-Sabe que faz tempo que eu não vejo ela.

-Eu também, diz que eu mandei um beijo pra ela.

-E se você ver ela primeiro diz que eu mandei um beijo.

-Ta. Mais e o – o...

-Dani.

-Isso o Dani, como ta o Dani.

-Ta bem também ta pra casar ou ta separando não sei ao certo.

-Esse Dani é brincadeira lembro cada uma dele.

-O Dani é o bicho.

-Diz que eu mandei um abraço pra ele.

-Digo sim.

-Então vou indo, abraço - o- o...

- Pedro...

- Isso Pedro, sabia que te conhecia é tão bom encontrar pessoas que tivemos pouco contato mais que marca.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

No Divã

- O que está acontecendo?

- Ah você quer saber? Quer saber mesmo ou ta falando isso só pra me agradar?

- Quero saber estou aqui pra te ajudar.

- Você me ajudar? Quem é você pra me ajudar, nem sabe o que está acontecendo.

- Pois então fale, sou todo ouvidos...

- Falo se eu quiser, falo se eu quiser.

- Tudo bem.

- Tudo bem? Não ta tudo bem se tivesse tudo bem eu não viria aqui.

- Eu sei que não está bem mais preciso que você se abra.

- Agora você sabe tudo, o senhor sabe tudo, ‘ah eu sei tudo eu sou psicanalista’.

- Estou aqui pra te ouvir.

- Porque? Porque? Pra sair falando pra todo mundo que eu tenho problemas?

- Nada que é falado sai daqui.

- Todo homem fala isso, todos...

- Mais aqui eu não sou homem...

- Ah não além de tudo é viado, era tudo o que eu precisava, um viado me atendendo.

- O que?

- Ah não de novo não, já tinha acontecido com o Maurinho agora meu doutor também não.

- Não, não é nada disso.

- Aí porque essas coisas acontecem comigo doutor, porque?

- Veja bem...

- O senhor não me deixa falar doutor, você está me sufocando.

- Dona Edite a senhora veio se consultar de TPM de novo?

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- Pode falar.

- Então doutor é que eu tenho medo.

- Medo?

- É medo, medo do que pode acontecer...

- Medo do que pode acontecer?

- Sabe você fica imaginando o que vai acontecer no futuro e começa a ficar com medo no presente.

- Sim, sim continue.

- Eu to aqui agora e pensando e ano que vem? Onde eu vou estar ano que vem.

- Pelo visto aqui ainda.

- Oi?

- Nada pode continuar... Não sabe onde vai estar.

- Fico viajando como vou estar, empregado, namorando, com dinheiro...

- É acho que não adianta se preocupar com o que vai acontecer.

- É eu sei que não mais não consigo não pensar. E se eu ficar careca? Imagine eu careca...

- Ah então você está preocupado com o seu cabelo.

- Só com o cabelo não doutor, o cabelo é o que vai decidir meu futuro...

- O cabelo vai decidir o seu futuro?

- Veja bem se meu cabelo continuar aqui eu vou continuar conquistando mulheres, vou ter respeito no trabalho e continuar ganhando dinheiro...

- Pelo jeito o senhor tem complexo do chewbaca.

- Isso é sério doutor?

- É um caso raro mais que tem tratamento.

- Raro doutor... E qual é o tratamento?

- Você vai ter que ser forte.

- Aí doutor...

- Você já raspou o cabelo?

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- Eu tenho problemas com as mulheres.

- Que tipo de problemas?

- É que elas só querem virar amiga.

- Hum.

- Faço elas rir, faço carinho e tudo mais só que quando vou partir pra cima elas falam que não querem estragar amizade.

- Sei sei.

- Eu não quero amizade doutor, amigo eu tenho na internet.

- É.

- Vejo uns caras “horríveis” com varias mulheres doutor.

- Entendo.

- Eu não sou feio doutor, até que sou engraçado, passo perfume e elas só querem ser amiga.

- Hum.

- Num quero amiga, quero pegar elas, agarrar e mostrar que sou o “cara”.

- Sim, claro.

- Será que eu vou ter que começar a tratar elas mal pra começarem a me respeitar, acho que é isso vou ser MAU, isso...

- Você não precisa disso, é bem mais simples do que você imagina.

- O que é então doutor eu preciso de uma solução urgente.

- Eu posso te ajudar mais antes eu preciso saber de uma coisa sua namorada sempre está junto com você quando você sai?

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- Doutor eu preciso de ajuda eu to traindo meu marido.

- Sente – se.

- Eu to aflita, me ajuda doutor, eu não quero mais fazer isso...

- Fale – me mais.

- Já faz quase um ano que eu to fazendo isso.

- E a quanto tempo vocês estão juntos?

- Um ano e um mês.

- Sei sei.

- Comecei com um caso na internet...

- Continue.

- Depois conheci um cara no mercado, e um no posto, e um no shopping...

- Entendo.

- Eu não quero mais fazer isso doutor, não quero...

- É complicado.

- Não quero mais doutor...

- Como ele é?

- É muito bonito, rico, carinhoso...

- Ele te bate?

- Nunca encostou um dedo em mim.

- Ele te trai?

- Não seria capaz de fazer isso me ama muito.

- Ah ta explicado.

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No Hospício.

- Porque você ta internado?

- Foi um engano, pegaram o cara errado.

- Ué e porque você não explica isso pra eles?

- Já expliquei eles falam que eu sou louco.

- É, eles são assim mesmo.

- Não sei mais o que fazer pra provar que pegaram o cara errado.

- Cara errado?

- É confundiram pegaram o cara errado.

- Você ta louco!

- Não eu sou normal o outro que o louco.

- Que outro?

- O Certo.

- Mais se ele é certo ele não é louco, ele seria louco se fosse errado.

- Então eu sou o certo e ele é o errado.

- Não, mais você não acabou de falar que pegaram o cara errado?

- Isso, o certo seria ele.

- Então se o certo seria ele, você é o errado?

- Sim eu sou o errado.

- Você não acabou de dizer que é o certo.

- Eu sou um cara certo, que foi preso no lugar do errado.

- Todos falam isso.

- Mais no meu caso é verdade.

- Não sei não tem cada louco por aí.