terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Festa da empresa

Festa de fim de ano da empresa. Fila para o buffet.
Carlos – Nossa que buffet mais sem vergonha hein... – coloca a salada no prato.
Lauro – Nem me fale, a gente trabalha o ano inteiro e essa é a recompensa. – passa reto pela salada.
Carlos – Ainda bem que não vamos ter trabalhar depois de comer...
Lauro – Shiii! Não da idéia que é capaz deles querer que a gente trabalhe.
Pega uns ovinhos de codorna.
Lauro – Sorte que eu belisquei alguma coisinha em casa. – pega arroz com passas.
Carlos – Pior que eu não, to morrendo de fome, quer dizer tava, até ver esse buffet. – Também pega arroz.
Lauro – Porque que colocam passas em tudo na época do natal? – fala e para.
Carlos – Acho que é para aproveitar a safra.
Lauro – Mas eu nunca vi pé de uva passa.
Carlos – Ah não tem aqui no Brasil. – Segue o fluxo da fila, que anda lentamente.
Lauro – Deve ser isso mesmo. Porque você não a vê o ano inteiro, mas chega fim do ano colocam em tudo. – coloca uma colherada de peru com passas.
Carlos – É que representa o espírito natalino...
Lauro – Por que?
Carlos – Se não me engano foi uma dos presente que levaram pra Jesus na manjedoura.
Lauro – O que... Um pacote de uva passa?
Carlos – Não foi um pacote, naquela época não tinha em pacote, foi mirra com uva passa. – pega farofa com uva passa.
Lauro – Onde você viu isso? – para e fica o olhando.
Carlos – Tem numa passagem da bíblia.
Lauro – Deve ser mesmo, mas precisam colocar em todas as comidas? Na páscoa não colocam chocolate em tudo!
Carlos – Ah, mas é que eles usam como um artifício pra tentar disfarçar a cara feia das comidas. – pega pernil com molho de passas.
Lauro – Então deve ser por isso que esse buffet ta cheio delas.
Carlos – Aposto que o chefe não vai comer essa comida nem ferrando.
Dão de cara com o chefe. Que fura a fila pra pernil com passas.
Chefe – Opa, da uma licençinha pra mim.
Os dois param e sorriem. “Toda!”.
Chefe – E aí, o que acharam do buffet?
Carlos – Maravilhoso, ta melhor do que o do ano passado.
Lauro – Não que o do ano passado tivesse ruim, mas é que o desse ano superou.
Chefe – Ah que bom que gostaram, depois peguem uma sobremesa tem gelatina com passas.
Com certeza, falam os dois em coro.

--------------------------------------------

Paula – Menina olha a mini-saia da Claudia.
Ana – Aquilo é uma mini-saia? Pensei que fosse um cinto.
As duas caem na gargalhada.
Paula – Não sabia que era festa temática...
Ana – Temática?
Paula – É, era pra vir vestida igual funkeira...
Riem juntas novamente. Silencio.
Paula – Sei não, acho que ela está de rolo com o chefe.
Ana – Será?
Paula – Hum... Não desgruda dele.
Ana – Não, ela ta auxiliando na festa...
Paula – Mas desde o meio do ano? Olha lá como ele faz tudo pra ela...
Ana – Ele só esta sendo educado.
Paula – Esse não é o tipo de educação que eu quero passar para os meus filhos.
Ana – E outra, ele é casado. Olha, ta com a mulher ao lado dele...
Paula – E a amante do outro. – completa.
Ana – Aí que maldade.
Paula – Maldade nada é a mais pura verdade.  Não dou três meses pra ela subir de cargo.
Ana – Que isso, o chefe não é desses...
Paula – Você quem pensa, porque não tem os artifícios dela...
Ana – Oi?
Paula – Ele não quer saber da gente, quer saber das novinhas, ele não faria nada conosco, agora com ela, deixa ela abaixar-se pra pegar alguma coisa pra você ver, ou vai dar processo ou aumento!
Ana – Pera aí, fale por você.
Paula – O que?
Ana – Saiba que o chefe já deu em cima de mim, eu é que não retribui...
Paula – Ele só estava sendo educado.
Ana – A nela ela está dando em cima, quando é comigo está sendo educado!?
Paula – É a verdade, se fosse mesmo não estaria a tanto tempo no mesmo cargo.
Ana – Olha quem fala...
Paula – Por isso que eu falei, NÓS, por que eu também não tenho chance.
Ana – É você não tem mesmo, agora eu minha querida... Você não viu o jeito que ele olhou pra mim o dia que eu abaixei pra colocar o café na mesinha.
Paula – Olhar ele até pode olhar, agora dar um aumento, aí já é outra coisa... – desconversa. – olha lá não para de gracinhas, mas é uma exibida.
Ana – Você duvida. – levanta da cadeira.
Paula – Duvida o que?
Ana – Que o chefe fica comigo e eu ganho um aumento.
Paula – Para de viajar, senta aí. Vamos falar da Marina...
Ana – Então fica vendo. – vai em direção a mesa do chefe, cruza com o marido.
Pedro – Peguei gelatina de uva passa.
Ana nem da bola e segue. Pedro chega à mesa.
Pedro – Onde a Ana foi tão determinada?
Paula – Ser promovida... ou despedida.

--------------------------------------------

Fim de festa
Agenor – Esse daqui é o melhor patrão que existe. – grita bêbado na orelha do chefe.
Chefe – Que isso, vocês merecem.
Agenor – Não merecemos tanto.
Chefe – Merecem sim.
Agenor – Ta bom, nós merecemos sim. Pode dar um aumento pra nós.
Todos riem. Inclusive o chefe.
Agenor – O senhor fez essa festa, pagou tudo, a comida, a bebida, o DJ...
Chefe – É o mínimo que eu posso fazer.
Agenor – É, isso é verdade, é o mínimo mesmo, por que aquele buffetzinho tava ruim, o do ano passado até que passava, mas esse ano... Meu Deus. – aponta com indicador pra dentro da boca com ar de desaprovação.
Todos riem, de novo. Agora o chefe não ri tanto.
Chefe – Ah não tava tão ruim assim, é que você está mal acostumado, sua senhora cozinha bem.
Agenor – Negativo, não, não. Não! Minha mulher é muito ruim na cozinha, só não é pior do que na cama.
Dessa vez até o chefe ri.
Agenor – E mesmo assim eu preferia ta comendo a comida dela ou estar na cama com ela do que ter comido daquele buffet.
Todos param de rir.
Agenor – Gelatina de uva passa? É isso que nós merecemos? E eu achando que tinha feito um bom trabalho durante o ano.
Chefe – Mas fizeram, todos fizeram.
Agenor – Então o senhor podia ter pedido um pudim, né!?
Junta mais funcionários, e os que acabaram de chegar puxam palma.
Chefe – Ano que vem eu peço pra fazerem pudim pra vocês.
Agenor – Obrigado.
Todos riem pensando que foi o fim da discussão, o chefe vai saindo.
Agenor – E a Claudia vai comer logo, ou vai ficar empatando pra gente.
Chefe – Oi?
Agenor – A recepcionista. Todo mundo viu que ta rolando algo.
Chefe – Me respeita minha mulher ta aqui.
Agenor – A minha também, mas nem por isso eu não ficaria com a Claudia.
Chefe – A Claudia é a apenas minha funcionaria, como qualquer um de vocês aqui.
Agenor – Não, não. O senhor nunca olhou pra minha bunda, ou ficou derrubando a caneta toda hora pra eu pegar e o senhor ver meu decote.
Alguns riem, outros ficam com medo. O chefe ri.
Chefe – Boa.
Agenor – Boa mesmo, eu no seu lugar já tinha dado um cargo maior pra ela e feito a festa.
Chefe – Que isso, eu nunca faria um coisa desta.
Agenor – Então promove ela e deixa que a gente faz! – fala e da risadas.
Chefe – Agenor você é uma figura. – fala e vai saindo.
Agenor – Valeu chefe, e você é um puta chefe, ou um chefe com uma recepcionista puta. – da risada e aquelas cutacadinhas que só os bêbados chatos dão.
Chefe – Rá, rá, rá...
Agenor – Esse é o nosso chefe. Uma salva de palmas pra ele. O senhor uva passa.
Todos riem e aplaudem.
Agenor – Velho, enrugado e só da as caras no fim do ano.
Todos continuam rindo.
Chefe – Esse Agenor não é facil. – fala e vai saindo – até segunda Agenor.
Agenor – Até, senhor Passas.
O chefe sai e todos ficam rindo do Agenor.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Isso é um assalto...

Um homem está falando ao celular, num caixa 24 horas quando sorrateiramente outro homem, com um gorro na cabeça, chega por trás.
- Fica quietinho e passa tudo.
- Oi, só um pouquinho aqui querido. – fala sem nem se dar ao trabalho de olhar para trás.
- Desliga esse celular. – cutucando com algo que está escondendo dentro da blusa.
- Calma, já to terminando. – tirando o celular do ouvido, mas ainda sem olhar para trás. – Não, não é com você amor, é um apressadinho que está aqui atrás.
- Ei presta atenção aqui.
- O que é que é pra comprar no mercado?- ignora o bandido.
- Ei! Eu to falando com você.
- Só um pouquinho amor. – ele se vira pra trás e da de cara com o cano da arma, que ainda está escondida na blusa. – Espera aí vamos conversar. Não, não é com você amor.
- Desliga o celular e passa pra cá.
- Mas a minha mulher...
- Desliga logo. – grita e sacode o bolso, que contém a arma.
- Toma. – da o celular.
- Agora me da a carteira, sem escândalos pra não chamar a atenção.
- É essa meia calça na cabeça não ta chamando atenção quase, né!?
- Ah é... Passa logo a carteira! Anda, vai...
- Mas só tem meus documentos na carteira, não tem dinheiro.
- Ah não?
- Não, por isso que eu tava sacando.
- Então pode continuar a operação.
- Oi?
- Saca o dinheiro, me da e eu vou embora.
- Pensando bem pode levar a carteira. Já tava precisando renovar meus documentos, ta tudo com foto antiga. E outra bolei uma assinatura nova...
- Saca logo, caramba! – grita interrompendo-o.
- Mas eu não sei a senha.
- Como não sabe a senha? Ta me achando com cara de trouxa?
- Não, longe de mim, diga-se de passagem, você tem cara de ser muito esperto, se não tivesse virado bandido com certeza tinha virado médico...
- Advogado!
- Oi?
- Eu queria ter virado advogado.
- Mas da tempo ainda, quantos anos você tem? 25, 26...
- 35.
- Ah mentira.
- Sério.
- Caramba se eu chegar na sua idade assim eu to feito.
- É só dormir bem, o segredo é ter um bom sono.
- É, se eu não trabalhasse eu ia dormir bastante mesmo.
- Ei, olha o respeito! Não é por que eu sou bandido que eu durmo o dia inteiro.
- Desculpa...
- Ta louco... Chega de papo, tira a grana aí.
- Já falei que eu não consigo.
- Porque não?
- Por que é o cartão da minha mulher, só ela sabe a senha.
- Saca com o seu.
- Ih o meu ta no LIS. O banco chegou antes que você e já roubou tudo que eu tinha.
- É estamos perdendo mercado para os bancos.
Os dois assentem com a cabeça como se estivessem concordando.
- Você não tem nada de dinheiro aí?
- Pior que eu não tenho nada mesmo, pode revistar.
- Não, eu acredito em você... O ruim é que se eu chegar sem nada em casa minha mulher vai ficar uma fera.
- E se eu chegar sem o pão, a minha que vai.
- É, mas você pelo menos tem um bom motivo, foi assaltado. E eu vou falar o que?
- É...
- Sabe onde tem outro banco por aqui?
- Se eu não me engano tem outro a duas quadras daqui.
- Vou lá então, ver se levo a sorte de aparecer alguém. – fala e vai saindo.
- Vai lá.
- Ei toma seu celular de novo, gostei de você. – volta pra entregar o celular.
- Se você gostou mesmo, fica com ele, pelo menos minha mulher vai acreditar em mim, e talvez pare de me ligar de cinco em cinco minutos.

---------------------------------------

Dois homens estão parados, dentro de um carro, enfrente a um banco.
- Então vamos fazer o seguinte. Vamos entrar como quem não quer nada, você fica na porta e eu vou para os caixas.
- Mas como vamos entrar como quem não quer nada armados? Vamos travar na porta. Se com moeda trava, imagina com uma arma.
- Eu consegui armas de fibra.
- Sério?
- Aham! Estudei sobre elas, passa por qualquer detector sem correr o mínimo risco.
- Onde aprendeu sobre isso?
- Fiz um curso de tiro e conhecimento sobre armas.
- Legal.
- É, mas vamos ao plano, você vai abordar...
- Deixa eu ver.
- O que?
- As armas!
- Espera, deixa-me terminar de falar o plano... Então você cuida dos seguranças...
- Foi caro? – pergunta interrompendo.
- O que?
- As armas, foram caras?
- Um pouco, mas eu pesquisei bem antes de comprar.
- É, não da pra comprar a primeira arma que vê na frente.
- Não da mesmo.
Silencio.
- Vamos voltar aqui. Então você cuida dos seguranças, eu vou travar o sistema de câmeras.
- Orra...
- O que?
- Não sabia que você sabia fazer isso.
- Eu fiz o curso de instalador de câmeras de segurança.
- Bom o curso?
- Até que é, deu pra aprender bastante coisa...
Mais um silencio.
- Então, eu vou travar o sistema...
- Quanto tempo? – interrompendo novamente.
- Pra travar o sistema, no maximo um minuto.
- Não, quanto tempo de curso?
- Três meses.
- Tudo isso?
- É, mas é o completo, teve algumas coisas sobre filmagem também.
- Queria fazer esse curso aí.
- Depois eu te passo o contato. Agora vamos focar aqui. Eu travei o sistema. Você vai retirar o dinheiro dos caixas enquanto eu imobilizo os seguranças.
- Você, imobilizar, até parece.
- Eu fiz algumas aulas de imobilização e defesa pessoal.
- Ah fez?
- Fiz.
Silencio.
- Pensando bem eu não quero mais fazer isso não? – fala e vai descendo do carro.
- Espera aí, por que não? Ta tudo pronto, é só eu terminar de te dizer o plano e entramos em ação.
- Ah não, você ta fazendo tudo, teve a idéia, bolou o plano, comprou as armas, fez cursos, e eu?
- Não tem problema, o dinheiro vai ser dividido em partes iguais do mesmo jeito.
- Como eu vou saber se vai mesmo, vai que você fez um curso de contabilidade e quer me enganar. – sai do carro. – Era pra ser um roubo amador, mas você estragou tudo. – bate a porta e vai embora.

---------------------------------------

Um mendigo está dormindo, chega um homem de terno gritando, fazendo-o acordar.
- Ei, acorda aí.
- Ah me deixa dormir só mais um pouquinho. – virando pro lado.
- Acorda vagabundo. – fala dando chutinhos nele.
- Só mais cinco minutinhos mãe.
- Que mané mãe, acorda. – puxa o jornal que ele estava usando de coberta agora o fazendo acordar de vez.
- Ei o que está acontecendo aqui?
- Isso daqui é um assalto, passa tudo. – grita apontando uma arma para o mendigo.
- Que palhaçada é essa? É alguma pegadinha? Amanhã eu tenho que acordar cedo.
- Não é pegadinha nenhuma não, passa tudo! – gritando. – Espera aí você disse que tem que acordar cedo?
- É, pra pedir dinheiro na padaria. É a hora que mais rende, tem vários executivos lá.
- Ah, entendi.
- Então, faz favor me deixa dormir. – pega o jornal, vira pro lado e se cobre.
- Que dormir, olha aqui, passa o papelão cacete.
- Você ta falando sério mesmo?
- Nunca falei tão sério!
- Ih, então você ta mal hein...
- Ei olha como você fala comigo, eu to armado cara.
- Desculpa.
- Passa o papelão, o jornal, e essas latinhas aí.
- Não, as latinhas não.
- Da logo as latinhas.
- Mas eu ia vender elas amanhã, juntei a semana inteira. Me mata mas não leva as latinhas.
- Não vou te matar, passa tudo logo. – pega as coisas com uma cara de nojo e vai saindo.
- Minha vida estão nessas coisas.
- Hum, devia ter pensando bem antes de ficar se mostrando com elas em baixo de qualquer ponte. – fala e sai correndo derrubando algumas latinhas. – E não chama a policia. – grita de longe.

domingo, 20 de novembro de 2011

Falando sozinho

Os dois estão sentados no sofá assistindo televisão.
- Aí... Tava aqui pensando...
- O que?
- Ah... Nada não, esquece.
- Começou a falar, agora fala.
- Mas eu não comecei a falar, só disse que tava pensando.
- Mas o que você tava pensando?
- É besteira.
- Fala!
- Esquece continua assistindo.
- Não quero mais assistir. – fala e desliga a TV – Quero saber o que você estava pensando!
- Não era nada demais. – Liga a TV – assiste lá!
- Não tem problema. Quero saber o que é. – Desliga a TV.
- Eu já esqueci. – Liga a TV.
- Fala... Eu quero saber. – Desliga a TV e tira as pilhas do controle – Se não depois você fica falando que eu não ligo pra sua opinião.
- Mas não é minha opinião, era só um pensamento. Da as pilhas.
- Só depois que você me contar o que tava pensando.
- Não era nada demais. Da as pilhas aí amor.
- O que você tava pensando.
- Aí Cleiton que chato.
- Só falar.
Silencio.
- Fala!
- Aí... Tava pensando: to com uma vontade de comer um doce, bem que você poderia ir comprar um sorvete pra gente.
Mais um silêncio.
- O que, era isso?
- Sim. – pega as pilhas da mão dele, coloca no controle e liga a TV.
- Não acredito.
- Era isso, eu disse que era besteira.
- Eu pensei que você tava falando que era besteira pra não precisar falar.
- Não era besteira mesmo.
Silencio.
- E aí o que você acha?
- Do que?
- De ir lá comprar um sorvetinho pra gente.
- Ah eu to assistindo, né! – fala sem tirar os olhos da TV.
Ela pega o controle, desliga a TV e tira as pilhas.
- Pra saber o que eu tava pensando você não tava assistindo, né.

---------------------------------------

O pai para na porta do quarto do filho, que está jogando vídeo game e nem da atenção.
- Filho vem cá. – assente com a cabeça.
- Agora pai? – pergunta sem nem mesmo olhar para o pai.
- Não semana que vem.
Silencio.
- Filho.
- Ãhm?
- Vem!
- Onde? – sem tirar os olhos da tela.
- Cá!?
- Mas eu to jogando.
- Não quero saber o que você ta fazendo, quero que você venha.
- Espera aí.
- Espera o que?
- Espera só eu salvar.
- Salvar o que? Você virou herói e ninguém me avisou.
- Salvar o jogo.
- Acho melhor vir agora se não você vai ter que arrumar alguém pra TI salvar.
- Ta bom, to indo...
Silencio.
- Pedro.
- O que?
- Vou ter que falar de novo?
- Falar de novo o que? – apertando os botões cada vez com mais força, e ainda sem olha para o pai.
- Que é pra você vir aqui.
- Mas eu já to indo.
- É pra vir já!
- É a ultima fase.
- É meu ultimo aviso.
- Se eu desligar agora perco todo jogo.
- Se você não vir agora você vai perder o vídeo-game.
- Ta bom. – vai em direção ao vídeo game mas ainda jogando.
- E aí.
- Espera aí... Espera aí... Espera aí...
- Eu já to esperando a tempo demais.
- Só mais um pouquinho, mais um pouquinho, mais um pouquiii...
O pai entra no quarto e desliga vídeo game.
- Pai! – grita o filho.
- Filho.
- Porque você fez isso? Era o ultimo chefão.
- Não, não. Eu sou o chefão aqui. Agora vem! – sai do quarto com ar de superior.

---------------------------------------

O marido escuta a mulher conversando com alguém ao entrar na cozinha.
- Com quem você estava falando?
- Oi?
- Você, estava falando com quem?
- No celular, com a Meire.
- Ué, mas seu celular ta la na sala.
Silencio.
- Você estava falando sozinha, de novo?
- Não. Eu tava falando com a gata.
A gata entra na cozinha se espreguiçando como se tivesse acordado de um sono de mil anos.
- Com ela?
- Porque você quer saber com quem eu tava falando?
- Porque eu quero saber se a minha mulher ta ficando louca.
- Desde quando falar sozinho é sinal de loucura?
- Não sei, desde sempre!
- Aí nada a ver. Eu não tenho culpa se meu marido não conversa comigo.
- Ei, não vem jogar a culpa da sua loucura em mim.
- Que loucura? Eu só tava pensando alto. E outra se eu tiver ficando louca pode ter certeza que você vai ser o primeiro a saber.
- Ta bom desculpa. – Sai da cozinha resmungando. – E o primeiro a fugir!
- O que você disse aí?
- Nada, tava pensando alto.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Bola fora

No mercado
- Opa e aí Paulo...
- Pedro...
- Não eu sou o Junior, não lembra de mim, colégio e tals...
- Sim lembro, to falando eu sou Pedro não Paulo...
- Pedro, Paulo tudo apóstolos... Quanto tempo hein...
- Pois é faz um tempo...
- Quanto mais ou menos?
- Ah, um tempão.
- Pois é faz tempo!
Silencio
- E aí o que anda aprontando?
- Ah nada demais, só correndo.
- É, a correria não para!
- E você?
- Correndo também.
- É não é fácil.
- Não é pra ninguém...
- Pra ninguém.
- Ninguém...
Mais um silencio.
- E a mulherada? Ãhm? Você era garanhão, todo mundo dizia que você não ia casar nunca.
- Casei!
- Meus parabéns...
- Valeu!
- E você e a Jennifer estão juntos ainda? Eram um casal inseparável, todo mundo tinha inveja...
- Nos divorciamos...
- Hum, acontece né, a vida é assim mesmo, bola pra frente.
- É!
Silencio
- E o futebolzinho? Você era bom hein... Foi o melhor lateral que eu já conheci!
- Eu jogava de gol.
- Isso melhor goleiro, melhor goleiro!
- Não jogo mais...
Silencio, novamente.
- E aí já teve filhos? Tem cara de quem já tem pelo menos uns 3...
- Descobri recentemente que sou estéril.
- Ah filho pra que né só enchem o saco... Não ta perdendo nada, só dão trabalho!
- To querendo adotar um!
- Eu ia te dar essa dica, adotar, pai é o que cria não o que esquece na escola, ou alguma coisa assim.
- Atenção senhor Leandro, senhor Leandro, a senhora Flavia te espera no caixa três.
- Ih não da mais pra se esconder te descobriram! É a policia... Mulher no mercado é assim mesmo... Não da nem pra se esconder...
- É a minha sogra!
- Pior ainda... se quiser te dou cobertura – fala e cai na gargalhada.
- Ela é deficiente...
- Hum... – todo sem graça.
- Melhor eu ir indo. – já saindo fora.
- Ah eu tenho que ir também...
- Abraço... Da um abraço na sogra!
- Abraço. – sai.
Chega uma mulher.
- Com quem você tava conversando?
- Ah era um amigo meu do tempo do colégio.
- Ah é... Teu chegado?
- Um dos meus melhores amigo.
- Ah então vamos lá convidar ele pra ir lá em casa jantar com a gente.
- Ih não dá?
- Por quê? É conhecido seu, você tem tão poucos amigos amor.
- Porque, por que... Ei eu não tenho poucos amigos!
- Ah não? Cita três pra mim. – para com a mão na cintura, e batendo o pé como toda mulher faz ao desafiar o marido.
- Tem o Kleber.
- Ele não é teu amigo, é teu colega.
- E qual é a diferença?
- Amigo é chegado, colega não.
- Ta bom, tem o Peter.
- Colega.
- Jeff.
- Colega de futebol.
- Ta bom ele não era meu amigo, era só um conhecido da época de colégio que eu queria ver se conseguia reatar alguma coisa pra ter um amigo.
- Mas você não tem jeito mesmo, fica mentindo me enchendo de esperança achando que você tinha encontrado alguém. Vou te contar. – pega o carrinho de compra e vai embora.

---------------------------------------

No meio da noite ele é pego com a boca na butija atacando a geladeira.
- A-Rá! Muito bonito.
- O que, o que foi? – jogando as comidas pra cima.
- O que você pensa que está fazendo?
- O que eu estava fazendo?
- Eu perguntei primeiro.
- Eu não sei...
- Não se faça de bobo Roberto.
- Não estou me fazendo de bobo, juro que eu não sei o que eu to fazendo aqui.
- A você não sabe?
- Não!
- Não?
- Não!
- Então deixa eu explicar. Você estava assaltando a geladeira, de novo.
- Sério?
- Ah, toma vergonha nessa cara.
- Juro que eu não sei como eu vim parar aqui.
- De novo essa do sonâmbulo?
- Dessa vez não é mentira.
- Das outras três vezes também não era.
- Aquelas eram, mas agora não é.
- Roberto...
- Juro! Deitei e dormi como sempre. Não sei como vim parar aqui.
- Como eu vou acreditar em você?
- Porque eu mentiria sobre uma mesma coisa, de novo?
- Porque você é um cara de pau.
- Tirando isso?
- Porque você não tem um pingo de vergonha na cara!
- Ta bom, não tenho credibilidade, mas juro que dessa vez é verdade.
- Roberto.
- Juro. A ultima coisa que eu lembro é de estar deitado na cama.
- É eu também, você estava deitado lá quando eu peguei no sono, então acordei pra vir tomar uma água e dei de cara com você!
- Pera aí porque veio até a cozinha tomar água se temos do lado da cama.
- Oi?
- Você veio aqui assaltar a geladeira também?
- Quem eu...
- Não eu...
- Eu vim te procurar...
- Procurar? Acabou de falar que tinha vindo buscar água!
- Não muda de assunto, você é quem está errado, não fui eu quem foi pego dentro da geladeira.
- Não foi porque eu vim antes.
- Então você não estava sonâmbulo coisa nenhuma.
- Quem ta mudando de assunto agora é você.
- Não acredito que eu quase cai nesse papo de sonambulismo de novo. Mas faz isso, continua assaltando a geladeira a noite que você vai muito longe, você ouviu o que o médico Roberto, você ouviu. Agora da licença que eu vou pegar o pudim porque eu estou estressada. – tira ele de dentro da geladeira e o empurra para o sofá.
- Boa desculpa. – resmunga.
- O que você disse?
- Nada.
- Olha eu só não mando você dormir na sala porque é mais perto da cozinha. – fala, vira as costas e vai em direção ao quarto. – Vem pro quarto.
- To indo vou tomar um copo de água.
- Tem água aqui no quarto. – Grita da cama.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mendigando

- Sabia que já somos em mais de 7 bilhões de pessoas no mundo...
- Ah é?
- É... E você aí sozinha!
- Eu to esperando meu namorado...
- Ah!

---------------------------------------

Na rua
- Ei... Oh... Você aí de terno...
- O que foi?
- Me da uma ajuda?
- Uma ajuda, uma moeda, cartão de crédito...
- Pra que?
- Ué porque você quer saber?
- Ué eu tenho direito eu vou te dar o dinheiro, quero saber...
- Assuntos pessoais...
- Então fica com os seus assuntos... Mas sem dinheiro. – fala e vira as costas.
- Calma, calma, eu te conto...
- Ta!
- Mas primeiro me da o dinheiro.
- Só depois que você falar.
- Ta... É pra eu ir beber...
- Isso não é assunto pessoa.
- Claro que é, todo mundo acha que pra eu comer, mas não é. É pra cachaça mesmo.
- Você não tem vergonha.
- Tenho, por isso não queria falar.
- Eu não devia te dar esse dinheiro.
- E eu não devia ter contado.
- Só vou dar por que eu sou um homem de palavra. – entregando as moedas.
- E eu só vou beber porque eu também sou um homem de palavra. – pegando e contando as moedas.
- Que deselegante, espera eu sair pra contar as moedas.
- Deselegante é você com toda essa panca dar só essa merreca. Poh, abri o coração com você.
- Ah faça-me o favor.
- Se for pra você dar só essa migalha, não. Muito obrigado.
- Você é um ingrato, por isso que é mendigo.
- Não, sou mendigo porque quando eu tinha dinheiro não tinha dó de dar esmola, tinha vergonha de dar um tanto desse. Agora da licença que você está pisando na minha sala. – vira pra o lado e se cobre com o jornal.

---------------------------------------

- 7 Bilhões hein...
- Oi?
- 7 Bilhões de pessoas no mundo...
- Hum...
- 7 Bilhões... E eu vim conversar justo com você...
- Pois é!
- Será que é o destino?
- Não, eu não acredito em destino...
- Ah não acredita?
- Não acredito nessas coisas...
- É então por que você acha que em meio a tantas pessoas eu vim conversar justo com você?
- Porque eu sou azarada... – fala e da as costas pra ele.

---------------------------------------

Um senhor está sentado num bar tomando um café, entra um mendigo.
- Ei me da uma ajuda...
- Não vou te dar dinheiro, se quiser senta aí e toma um café comigo.
- Mais é que eu...
- É pegar ou largar...
- Ta bom, não queria estragar o apetite, mas já que insiste. – sentado a mesa junto com o senhor.
- Esse mendigo fedido está te incomodando? – pergunta o garçom.
- Ei...
- Não, não, eu que falei pra ele sentar.
- Se quiser chamo o segurança o tira rapidinho. – olhando o mendigo com nojo.
- Ei eu to aqui.
- Não, pode deixar.
- É pode deixar e traz um café com leite pra mim, mais café que leite. Leite desnatado, integral faz mal.
Os dois olham com cara de assustado.
- O que? Tenho o intestino sensível. A coxinha é de agora?
- Não. – responde o garçom já sem paciência.
- Então me vê um misto quente. E rápido que eu to com uma fome, parece que eu não como a uns dois dias. Pior que faz mesmo. – da risada. – entenderam?
Silencio
- Nossa to quebrado!
- É se você não tivesse não era mendigo.
- Não to falando disso, to falando que to quebrado de cansado.
- Ah... Cansado do que? Você não faz nada, é mendigo.
- Ei só porque eu sou mendigo, quer dizer que eu não faça nada?
- Sim.
- Não você ta confundindo mendigo com vagabundo.
- Ué e não é a mesma coisa?
- Não, o vagabundo não gosta de trabalhar, só quer ficar em casa, vive as custas dos outros...
- E o mendigo?
- O mendigo não tem casa.
- Grande diferença!
- Pra você não.
Silencio
- Porque você virou mendigo?
- Porque me expulsaram de casa.
- Porque te expulsaram?
- Porque meu pai não admitia que eu fosse um vagabundo.
- Seu café e seu misto. - entrega o garçom ainda não acreditando no que está vendo.
- Leite desnatado?
- Sim.
- Obrigado.
O garçom vai saindo.
- Oi?
- Trás maionese e catchup.
- Ta...
Vira as costas e vai saindo
- Garçom.
- O que? – gritando.
- Vocês vão jogar fora aquelas coxinhas?
- Sim.
- Tem como colocar num saquinho pra eu levar para o meu cachorro.

---------------------------------------

- Ei gata...
- O que foi? – fazendo pouco caso.
- Ta sabendo da novidade?
- Não.
- Já somos em 7 bilhões no mundo.
- E o que é que tem? – pergunta e da uma golada na cerveja com desdém.
- O que é que tem é que é um numero par, então provavelmente você seja a minha dupla.
- Sinto muito mais minha numeróloga disse que é pra eu tomar cuidado com números pares. – fala, mata o ultimo gole de cerveja e sai.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Pegadinha

De manhã. Na cozinha.
- Aí minha cabeça, fala baixo, fala baixo.
- Ué mais eu não falei nada.
- Então pensa baixo!
- Alguém aqui bebeu demais ontem. – liga o liquidificador.
- Aí! – grita e faz aquela cara que só quem está com ressaca sabe fazer. – É e pelo jeito ele me levou junto.
- Engraçadinho.
- O que aconteceu ontem?
- Deixa eu entrar no youtube que eu já te respondo.
- Você tem que parar de beber.
- Só se você parar de falar.
Silencio. Liga o liquidificador de novo.
- Aí! Desliga isso.
- Não entendi.
- Desliga isso, por favor.
- Porque?
- Porque minha cabeça vai explodir...
- Eu não vejo problema nenhum, não bebi ontem.
- Desliga, por favor, eu aprendi minha lição.
- Oi?
- EU APRENDI MINHA LIÇÃO. – gritando bem na hora que o liquidificador é desligado.
- Porque você está gritando.
- Engraçadão. É acho que dessa vez eu passei dos limites. Mas daqui pra frente eu não vou beber mais.
- Nem mais nem menos, só o mesmo tanto. Alias se você beber mais do que você bebeu dessa vez, você não vai ter problemas com barulho, afinal de contas vai acordar num cemitério.
- É né, eu não vou beber mais. Prometo pra mim mesmo.

De madrugada, ouve-se um barulho na sala. Liga a luz. Vê alguém abraçando o abajur.
- O que você está fazendo?
- Acabei de salvar a vida dessa criatura.
- Isso é um abajur.
- Não sei, não cheguei a perguntar o nome dele.
- Me da isso aqui. – toma da mão dele. – Você está bêbado.
Silencio.
- Não tem vergonha de estar bêbado dia de semana?
Silencio.
- Não vai me responder?
- Ah você ta falando comigo. Achei que estava falando com o abajur.
- Você não prometeu pra você mesmo que não ia beber mais?
- É, eu não sou confiável! – deita no sofá.
Enquanto o outro fica bravo, desliga a luz e vai embora.
- Eu sou um herói! – Dormindo, mais bêbado do que nunca.

---------------------------------------

Dois amigos que a muito tempo não se viam, se encontram num bar, trocam cumprimentos e decidem tomar uma juntos
Aparece o garçom.
- Mais uma rodada?
- Acho que...
- Mais uma! – interrompendo.
- Não cara eu tenho que ir embora, minha mulher já deve ta espumando de raiva.
- Poxa, mas você não avisou a ela que tinha encontrado o seu amigão aqui, e ia ficar, tomar uma, bater um papo?
- Avisei...
- Então... Quanto tempo fazia que não nos víamos?
- Ah fazia tempo...
- Então! Desce mais uma...
- Será?
- Não tem será, vamos beber e botar o assunto em dia. Que se dane! Mais uma rodada.
- Beleza.
Cinco minutos depois, o silencio reina no ambiente. Aparece o garçom, novamente.
- Tudo em ordem por aqui? Mais alguma coisa?
- Desce mais uma.
- Não, essa era a ultima, e nem acabou ainda.
- Que ultima, vamos beber mais, conversar, jogar papo fora...
- Não posso me enrolar mais...
- Que isso, nem me contou o que anda aprontando...
- Não ando aprontando nada, e é melhor eu ir porque senão minha mulher vai acabar achando que eu estou aprontando.
- Fica, seja macho cara, sua mulher não liga de você ficar num bar conversando com um amigo das antigas.
- Você não chegou a conhecer minha mulher, né?
- Não!
- Ta explicado o porque pensa assim.
- Viu nem conheci sua mulher, faz muito tempo que não nos vemos mesmo!
- Fazia mesmo... Então pega meu telefone e marcamos outro dia.
- Então bebe mais uma!
- Será?
- Pelos velhos tempos.
- Ta bom, mas é a ultima!
- Ultima!
- Pelos velhos tempos...
Cinco minutos depois.
- Garçom traz a conta!
- Por quê?
- Falei que era a ultima.
- Você tava falando sério?
- Sim...
- A pensei que era mais uma das suas pegadinhas igual nos velhos tempos.
- Eu nunca fui de fazer pegadinhas, quem fazia pegadinha era você!
- Ah é! Bons tempos.
- É bons tempos, mas agora eu tenho que ir mesmo.
- Posso ir com você?
- Oi?
- Minha mulher me expulsou de casa!
- Sério isso cara, sinto muito...
- Sério. Não esperava...
- Mas o que aconteceu?
- É uma longa história... É melhor você ir se não sua mulher vai ficar brava...
- Minha mulher não manda em mim... Eu to aqui com um amigo que não via a um tempão ela não tem porque ficar brava...
- Tem certeza?
Silencio. Toca o celular, é a mulher.
- Alo... – atende o celular. – Oi... Não to aqui ano bar ainda... É com aquele amigo... Fazia tempo que eu não via ele... Não vou ir já... Eu não to aprontando... Eu vou ficar... Vou sim... Deixa eu conversar em paz, você acha que manda em mim... Não... Não tem problema eu durmo na rua... Tchau... – desligando o celular na cara dela.
Silencio. O garçom ainda está parado na frente deles esperando um parecer.
- Cara eu não queria causar briga entre vocês...
- Não foi você quem causou. Eu precisava me posicionar, já tava cansado...
- Então não foi culpa minha...
- Não!
- Você vai ficar mais um pouco.
- Um pouco não, muito.
- Ufa...
- Agora pode me contar o que aconteceu...
- Garçom desce mais uma rodada. Aconteceu o que?
- Com você e sua mulher.
- Minha mulher?
- É sua mulher te expulsou de casa...
- Ah... Então era uma pegadinha, não tenho mulher só fiz isso pra você ficar com dó, e ficar mais. Te peguei hein... Igual nos velhos tempos.
O garçom chega com os Chopes, ele levanta em silencio.
- Ué, onde você vai?
- Se eu correr ainda da tempo de eu pedir desculpa. – Fala e sai.

domingo, 16 de outubro de 2011

A Batida

Depois de uma batida. Desce um de cada carro, ele achando que quem está errado é ela, e ela achando que quem está errado é ele.
- O senhor ta cego?
- O que? Eu? Eu o que?
- É e pelo jeito também ta surdo!
- Espera aí minha senhora quem tem idade pra ta surdo ou cego aqui não sou eu não!
- O que o senhor ta insinuando?
- Não estou insinuando nada, ainda!
- Você não viu meu carro não?
- Vi infelizmente eu vi. Você não sabe o que eu não daria para não ter visto.
- Se o senhor viu então porque não freio?
- Não sei, vai ver eu achei que tava brincando de carrinho de bate-bate! É lógico que eu freei, foi você quem não freou minha senhora!
- Minha senhora é o cambau, sua senhora ta na puta que te pariu. Se eu fosse sua senhora eu não deixaria você ter comprado carro.
- Ah você bate em mim e a culpa é minha?
- Eu bato em você? Eu. Bato. Em você?
- E depois eu é que quem estou surdo...
- Eu queria muito bater em você, mas não com o carro, sim com uma marreta!
Chega a policia para esfriar a discussão.
- O que está acontecendo aqui? – pergunta calmamente o policia.
- Daí eu concordava em arcar com as conseqüências. – disse ela.
- O que está acontecendo? – novamente pergunta o oficial.
- É pelo menos pra usar a marreta não precisa ter carteira!
- O que aconteceu aqui, cacete. – finalmente fazendo-os o ouvir.
Silencio. O guarda olha para os dois.
- É que alguém aqui tem dificuldades de diferenciar o freio do acelerador.
- Tem mesmo, mas não se preocupe que depois desse acidente ele vai se esforçar pra decorar.
- Não vão começar porque se não vou levar os dois em cana. – disse com aquela autoridade que só uma autoridade tem.
Silencio.
- Agora me digam o que houve.
- Eu ta vindo lá de baixo, dei o sinal pra pegar a direita...
- Nossa ele sabe diferenciar direita e esquerda. – interrompendo-o.
- Minha senhora deixa ele terminar a história dele.
- Desculpa, desculpa.
- Eu dei o sinal, e como eu vi que ela tava vindo muito rápido...
- Muito rapido? Muito rápido pra quem? Para o Rubinho?
- Minha senhora eu vou ter que pedir de novo?
- Hoje eu acordei senhora de todo mundo. – resmungou.
- O que a senhora disse? – virou segurando o cassetete para intimidá-la.
- Disse que não vai precisar pedir de novo!
- Então eu freei pra evitar o pior.
- E pelo jeito não adiantou... – ironizou o policia.
- É... Teria adiantado se ela soubesse que o freio é o do meio.
Silencio.
- Posso contar a minha versão agora?
- Sua versão?
- Pode.
- Eu vinha descendo a rua na velocidade permitida, mas como era uma decida a tartaruga Touché aí teve a impressão que eu estava rápida.
- Tartaruga Touché? Você é mais velha do que eu imaginava.
- O senhor vai deixar ele me insultar assim?
- Fica pelo tartaruga Touché. Agora prossiga a história.
- Velha... Hum... Então eu tava descendo, dei o pisca para a esquerda, e como ele já tava devagar e reduziu, e a preferencial não é de nenhum dos dois, então achei que ele estava sendo cavalheiro e me dando a vez.
- Como assim cavalheiro? Não existe cavalheiro desde o tempo da tartaruga Touché
- É ainda bem que você não é um cavalheiro assim eu não vou precisar ficar com dó na hora de cobrar o estrago.
- Você cobrar o estrago? Eu to certo e ainda vou ter que pagar. Acho que você está enganada.
- Estou enganada em estar discutindo com você, só vou pegar o numero da sua placa e ir embora.
- Não precisa pegar só o numero não, pega a placa inteira você já arrancou ela do meu carro mesmo.
- Ei, Ei. – gritou o policial.
Silencio.
- Vocês esqueceram que eu to aqui?
- Não, desculpa seu guarda. – disse ela.
- Se você não é a “minha senhora”, eu também não sou o “seu guarda”.
- Viu, deixa a lei falar.
- E você também fica quieto aí.
- Desculpa.
- Só quero dizer que cada um vai pagar o seu estrago.
- Pera aí policial eu não tenho dinheiro pra pagar isso agora, to apertado.
- Não acredito nisso meu marido vai ficar louco.
- Ficar louco? Ele é louco de ser casada com você.
- O que você disse aí. – partindo pra cima dele.
- Eita mais esqueceram de novo que eu to aqui? Quer ver eu levar os dois em cana.
- Desculpa.
- Desculpa.
- Vamos terminar logo com isso, cada um vai arcar com o seu estrago.
- Ta bom né, fazer o que... – disseram os dois, e já iam se encaminhando cada um para o seu respectivo veiculo.
- Pera aí não terminou, vamos até a viatura comigo.
- Ué porque? Já não ta resolvido?
- Até a viatura? Eu já perdi muito tempo aqui.
- Já ta resolvido sim. Só falta entregar a multa para os dois.
- Multa? – disseram novamente em coro.
- Multa por estarem entrando em uma rua contra a mão.