sexta-feira, 3 de setembro de 2010

No Divã

- O que está acontecendo?

- Ah você quer saber? Quer saber mesmo ou ta falando isso só pra me agradar?

- Quero saber estou aqui pra te ajudar.

- Você me ajudar? Quem é você pra me ajudar, nem sabe o que está acontecendo.

- Pois então fale, sou todo ouvidos...

- Falo se eu quiser, falo se eu quiser.

- Tudo bem.

- Tudo bem? Não ta tudo bem se tivesse tudo bem eu não viria aqui.

- Eu sei que não está bem mais preciso que você se abra.

- Agora você sabe tudo, o senhor sabe tudo, ‘ah eu sei tudo eu sou psicanalista’.

- Estou aqui pra te ouvir.

- Porque? Porque? Pra sair falando pra todo mundo que eu tenho problemas?

- Nada que é falado sai daqui.

- Todo homem fala isso, todos...

- Mais aqui eu não sou homem...

- Ah não além de tudo é viado, era tudo o que eu precisava, um viado me atendendo.

- O que?

- Ah não de novo não, já tinha acontecido com o Maurinho agora meu doutor também não.

- Não, não é nada disso.

- Aí porque essas coisas acontecem comigo doutor, porque?

- Veja bem...

- O senhor não me deixa falar doutor, você está me sufocando.

- Dona Edite a senhora veio se consultar de TPM de novo?

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- Pode falar.

- Então doutor é que eu tenho medo.

- Medo?

- É medo, medo do que pode acontecer...

- Medo do que pode acontecer?

- Sabe você fica imaginando o que vai acontecer no futuro e começa a ficar com medo no presente.

- Sim, sim continue.

- Eu to aqui agora e pensando e ano que vem? Onde eu vou estar ano que vem.

- Pelo visto aqui ainda.

- Oi?

- Nada pode continuar... Não sabe onde vai estar.

- Fico viajando como vou estar, empregado, namorando, com dinheiro...

- É acho que não adianta se preocupar com o que vai acontecer.

- É eu sei que não mais não consigo não pensar. E se eu ficar careca? Imagine eu careca...

- Ah então você está preocupado com o seu cabelo.

- Só com o cabelo não doutor, o cabelo é o que vai decidir meu futuro...

- O cabelo vai decidir o seu futuro?

- Veja bem se meu cabelo continuar aqui eu vou continuar conquistando mulheres, vou ter respeito no trabalho e continuar ganhando dinheiro...

- Pelo jeito o senhor tem complexo do chewbaca.

- Isso é sério doutor?

- É um caso raro mais que tem tratamento.

- Raro doutor... E qual é o tratamento?

- Você vai ter que ser forte.

- Aí doutor...

- Você já raspou o cabelo?

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- Eu tenho problemas com as mulheres.

- Que tipo de problemas?

- É que elas só querem virar amiga.

- Hum.

- Faço elas rir, faço carinho e tudo mais só que quando vou partir pra cima elas falam que não querem estragar amizade.

- Sei sei.

- Eu não quero amizade doutor, amigo eu tenho na internet.

- É.

- Vejo uns caras “horríveis” com varias mulheres doutor.

- Entendo.

- Eu não sou feio doutor, até que sou engraçado, passo perfume e elas só querem ser amiga.

- Hum.

- Num quero amiga, quero pegar elas, agarrar e mostrar que sou o “cara”.

- Sim, claro.

- Será que eu vou ter que começar a tratar elas mal pra começarem a me respeitar, acho que é isso vou ser MAU, isso...

- Você não precisa disso, é bem mais simples do que você imagina.

- O que é então doutor eu preciso de uma solução urgente.

- Eu posso te ajudar mais antes eu preciso saber de uma coisa sua namorada sempre está junto com você quando você sai?

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- Doutor eu preciso de ajuda eu to traindo meu marido.

- Sente – se.

- Eu to aflita, me ajuda doutor, eu não quero mais fazer isso...

- Fale – me mais.

- Já faz quase um ano que eu to fazendo isso.

- E a quanto tempo vocês estão juntos?

- Um ano e um mês.

- Sei sei.

- Comecei com um caso na internet...

- Continue.

- Depois conheci um cara no mercado, e um no posto, e um no shopping...

- Entendo.

- Eu não quero mais fazer isso doutor, não quero...

- É complicado.

- Não quero mais doutor...

- Como ele é?

- É muito bonito, rico, carinhoso...

- Ele te bate?

- Nunca encostou um dedo em mim.

- Ele te trai?

- Não seria capaz de fazer isso me ama muito.

- Ah ta explicado.

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No Hospício.

- Porque você ta internado?

- Foi um engano, pegaram o cara errado.

- Ué e porque você não explica isso pra eles?

- Já expliquei eles falam que eu sou louco.

- É, eles são assim mesmo.

- Não sei mais o que fazer pra provar que pegaram o cara errado.

- Cara errado?

- É confundiram pegaram o cara errado.

- Você ta louco!

- Não eu sou normal o outro que o louco.

- Que outro?

- O Certo.

- Mais se ele é certo ele não é louco, ele seria louco se fosse errado.

- Então eu sou o certo e ele é o errado.

- Não, mais você não acabou de falar que pegaram o cara errado?

- Isso, o certo seria ele.

- Então se o certo seria ele, você é o errado?

- Sim eu sou o errado.

- Você não acabou de dizer que é o certo.

- Eu sou um cara certo, que foi preso no lugar do errado.

- Todos falam isso.

- Mais no meu caso é verdade.

- Não sei não tem cada louco por aí.

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