quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cabeça de criança...

- Par ou impar?

- O que?

- Par ou impar?

- Você vai querer tirar no par ou impar?

- Sim.

- A para.

- Paaar? Ou impaar?

- Não vou jogar par ou impar com você.

- Ta com medo?

- Não apenas não vou jogar.

- Hum, medroso...

- Não vou jogar. Você rouba.

- Como roubo?

- Roubando.

- Como roubando?

- Você sempre escolhe primeiro.

- Ué você fica enrolando.

- Não é que eu fico enrolando, tenho que escolher direito.

- Ta bom pode escolher primeiro.

- Não, não quero jogar.

- Ta com medo é?

- Não apenas não quero. Acho que devemos decidir isso como adultos.

- É pensando bem é melhor mesmo.

- Com o que está em jogo não pode ser disputado numa brincadeirinha assim.

- Que tal pedra, tesoura ou papel?

- Acho mais justo. Mais tem que ser melhor de três.

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- Aninha quer casar comigo?

- Será Luquinha mais nós somos muito novos.

- O que que tem, eu gosto de você, você gosta de mim.

- Mais e os nossos pais?

- Eu peço para o teu pai.

- Você é louco.

- Peço sim.

- E se ele disser não.

- Ele não pode dizer não.

- Lembra o que aconteceu com o David.

- Mais o David não sentia o que eu sinto por você.

- Aí que lindo.

- Ta decidido vou falar com ele hoje, depois que sairmos da escola.

- Eu to com medo.

- Não precisa ficar, talvez hoje mesmo já estejamos morando na minha casa da arvore.

- O que?

- É vamos morar lá.

- Naquele muquifo?

- Muquifo?

- É aquela arvore caindo aos pedaços.

- Mas já tínhamos combinado.

- Não, não, não...

- Como não...

- Não, eu não entro naquela casa de arvore nem que a vaca tussa.

- Mas é tudo que eu tenho. Aquela casa na arvore e minha Calói 10.

- Você chama aquilo de Calói 10 eu daria no máximo um 4 para aquela bicicletinha.

...

- Aonde você ta indo?

- Tomar um leite e esfriar a cabeça. Pensando bem acho que seu pai não ia deixar mesmo.

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- A não mais meia.

- Não fala assim filho.

- Mas mãe, todo ano ela me da meia.

- Carlos Augusto.

- Carlos Augusto não mãe. Eu tenho que falar. Todo mundo da uma coisinha diferente, mais a tia Teka da sempre meia, meia, meia.

- Não seja mal agradecido.

- Eu vou falar com ela.

- Não faça isso.

- Vou ter que falar, não posso mais deixar isso acontecer. Tenho que saber se é só comigo ou se da para os outros sobrinhos também.

- Não vai... Ih já foi...

- Tia vamos conversar.

- Fala meu sobrinho que eu mais gosto.

- Não me venha com sobrinho que eu mais gosto não.

- O que?

- Isso mesmo que você ouviu, se eu fosse o sobrinho que você mais gosta, não me daria meia em todas as datas comemorativas.

- Ahm?

- Meia, soquete, meia social, meia com dedo, de frio, de verão, de fazer academia eu tenho 13 anos e você me da meia pra usar na academia.

- Não to entendendo.

- Meia, a senhora só me da meia tia, eu sei que meia quanto mais melhor. Mas não poderia mudar só uma vez? Só uma vezinha?

- Eu pensei que você gostasse.

- Eu gostei até a vigésima vez. Mas até na páscoa tia. Na páscoa!

- Era de coelhinho.

- Mas era páscoa.

- Desculpe.

- Não precisa pedir desculpa só me responda uma coisa?

- O que?

- Ah senhora da meia pra todos os sobrinhos?

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- Mãe, pai, eu tenho que confessar uma coisa.

- O que foi filho.

- O que que está acontecendo Paulinho?

- Eu sou adotado.

- Ahm?

- O que?

- Eu sei que sou.

- Para de falar besteira filho.

- Mãe não adianta negar.

- De onde tirou isso filho?

- Eu já venho percebendo isso a muito tempo.

- Do que está falando?

- Olha pra você mãe. Eu não pareço nem um pouco com você.

- Besteira, quando crescer vai ficar mais parecido.

- Não diga isso pai, eu me pareço menos ainda com o senhor. O senhor é careca.

- Paulinho não fala assim com o seu pai.

- Mais é verdade mãe, ele é carequinha.

- É a idade filho, e sua mãe que fez cair.

- O que não vem colocar a culpa em mim por você ser careca precoce.

- É culpa sua sim.

- A e o meu corpo, olha o que você fez com ele, nem meu filho não me reconhece mais.

- Ah você fica o dia inteiro coçando e a culpa é minha.

- É sua, antes de te conhecer eu era magrinha, cabelo perfeito, todo mundo me queria.

- A e antes de te conhecer eu era magrinho, tinha cabelo...

- Parem de brigar, parem de brigar. Eu errei realmente vocês são meus pais.

- Ué como descobriu agora?

- Eu achei umas fotos de quando vocês eram novos e realmente vocês eram assim como falaram. Só espero não ficar com a aparência de vocês quando ficar mais velho.

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- Vou contar até 10...

- Não até 10 é muito pouco.

- Ta bom, até 20.

- Conta até 50.

- Mais eu não sei contar até 50, só sei contar até 20.

- Então conta duas vezes até 20.

- Ah mais daí da mais.

- Claro que não.

- Ta bom.

- 1, 2, 3... 20. 1, 2, 3... 20. Lá vou eu.

- Conta mais uma vez até 20.

- Não lá vou eu.

- Não conta mais uma vez até 20.

- Já deu tempo pra você se esconder, porque não foi?

- Tava vendo se ia contar certo.

- Ta bom vou contar só mais uma vez.

- Mais uma vez, de duas vezes até 20, ou só até 20.

- Só mais uma até 20.

- Não tem que contar duas vezes até 20 pra dar quase 50.

- Como você sabe que duas vezes 20 da quase 50?

- Sabendo.

- Como sabendo? Você sabe contar até 50?

- Não.

- E como sabe isso então?

- Porque eu sei ué.

- Não tem nada vê.

- Claro que tem.

- Não tem.

- Tem sim.

- Ih olha o Cláudio indo embora.

- Onde você vai?

- Vou ir estudar matemática.

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