- Par ou impar?
- O que?
- Par ou impar?
- Você vai querer tirar no par ou impar?
- Sim.
- A para.
- Paaar? Ou impaar?
- Não vou jogar par ou impar com você.
- Ta com medo?
- Não apenas não vou jogar.
- Hum, medroso...
- Não vou jogar. Você rouba.
- Como roubo?
- Roubando.
- Como roubando?
- Você sempre escolhe primeiro.
- Ué você fica enrolando.
- Não é que eu fico enrolando, tenho que escolher direito.
- Ta bom pode escolher primeiro.
- Não, não quero jogar.
- Ta com medo é?
- Não apenas não quero. Acho que devemos decidir isso como adultos.
- É pensando bem é melhor mesmo.
- Com o que está em jogo não pode ser disputado numa brincadeirinha assim.
- Que tal pedra, tesoura ou papel?
- Acho mais justo. Mais tem que ser melhor de três.
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- Aninha quer casar comigo?
- Será Luquinha mais nós somos muito novos.
- O que que tem, eu gosto de você, você gosta de mim.
- Mais e os nossos pais?
- Eu peço para o teu pai.
- Você é louco.
- Peço sim.
- E se ele disser não.
- Ele não pode dizer não.
- Lembra o que aconteceu com o David.
- Mais o David não sentia o que eu sinto por você.
- Aí que lindo.
- Ta decidido vou falar com ele hoje, depois que sairmos da escola.
- Eu to com medo.
- Não precisa ficar, talvez hoje mesmo já estejamos morando na minha casa da arvore.
- O que?
- É vamos morar lá.
- Naquele muquifo?
- Muquifo?
- É aquela arvore caindo aos pedaços.
- Mas já tínhamos combinado.
- Não, não, não...
- Como não...
- Não, eu não entro naquela casa de arvore nem que a vaca tussa.
- Mas é tudo que eu tenho. Aquela casa na arvore e minha Calói 10.
- Você chama aquilo de Calói 10 eu daria no máximo um 4 para aquela bicicletinha.
...
- Aonde você ta indo?
- Tomar um leite e esfriar a cabeça. Pensando bem acho que seu pai não ia deixar mesmo.
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- A não mais meia.
- Não fala assim filho.
- Mas mãe, todo ano ela me da meia.
- Carlos Augusto.
- Carlos Augusto não mãe. Eu tenho que falar. Todo mundo da uma coisinha diferente, mais a tia Teka da sempre meia, meia, meia.
- Não seja mal agradecido.
- Eu vou falar com ela.
- Não faça isso.
- Vou ter que falar, não posso mais deixar isso acontecer. Tenho que saber se é só comigo ou se da para os outros sobrinhos também.
- Não vai... Ih já foi...
- Tia vamos conversar.
- Fala meu sobrinho que eu mais gosto.
- Não me venha com sobrinho que eu mais gosto não.
- O que?
- Isso mesmo que você ouviu, se eu fosse o sobrinho que você mais gosta, não me daria meia em todas as datas comemorativas.
- Ahm?
- Meia, soquete, meia social, meia com dedo, de frio, de verão, de fazer academia eu tenho 13 anos e você me da meia pra usar na academia.
- Não to entendendo.
- Meia, a senhora só me da meia tia, eu sei que meia quanto mais melhor. Mas não poderia mudar só uma vez? Só uma vezinha?
- Eu pensei que você gostasse.
- Eu gostei até a vigésima vez. Mas até na páscoa tia. Na páscoa!
- Era de coelhinho.
- Mas era páscoa.
- Desculpe.
- Não precisa pedir desculpa só me responda uma coisa?
- O que?
- Ah senhora da meia pra todos os sobrinhos?
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- Mãe, pai, eu tenho que confessar uma coisa.
- O que foi filho.
- O que que está acontecendo Paulinho?
- Eu sou adotado.
- Ahm?
- O que?
- Eu sei que sou.
- Para de falar besteira filho.
- Mãe não adianta negar.
- De onde tirou isso filho?
- Eu já venho percebendo isso a muito tempo.
- Do que está falando?
- Olha pra você mãe. Eu não pareço nem um pouco com você.
- Besteira, quando crescer vai ficar mais parecido.
- Não diga isso pai, eu me pareço menos ainda com o senhor. O senhor é careca.
- Paulinho não fala assim com o seu pai.
- Mais é verdade mãe, ele é carequinha.
- É a idade filho, e sua mãe que fez cair.
- O que não vem colocar a culpa em mim por você ser careca precoce.
- É culpa sua sim.
- A e o meu corpo, olha o que você fez com ele, nem meu filho não me reconhece mais.
- Ah você fica o dia inteiro coçando e a culpa é minha.
- É sua, antes de te conhecer eu era magrinha, cabelo perfeito, todo mundo me queria.
- A e antes de te conhecer eu era magrinho, tinha cabelo...
- Parem de brigar, parem de brigar. Eu errei realmente vocês são meus pais.
- Ué como descobriu agora?
- Eu achei umas fotos de quando vocês eram novos e realmente vocês eram assim como falaram. Só espero não ficar com a aparência de vocês quando ficar mais velho.
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- Vou contar até 10...
- Não até 10 é muito pouco.
- Ta bom, até 20.
- Conta até 50.
- Mais eu não sei contar até 50, só sei contar até 20.
- Então conta duas vezes até 20.
- Ah mais daí da mais.
- Claro que não.
- Ta bom.
- 1, 2, 3... 20. 1, 2, 3... 20. Lá vou eu.
- Conta mais uma vez até 20.
- Não lá vou eu.
- Não conta mais uma vez até 20.
- Já deu tempo pra você se esconder, porque não foi?
- Tava vendo se ia contar certo.
- Ta bom vou contar só mais uma vez.
- Mais uma vez, de duas vezes até 20, ou só até 20.
- Só mais uma até 20.
- Não tem que contar duas vezes até 20 pra dar quase 50.
- Como você sabe que duas vezes 20 da quase 50?
- Sabendo.
- Como sabendo? Você sabe contar até 50?
- Não.
- E como sabe isso então?
- Porque eu sei ué.
- Não tem nada vê.
- Claro que tem.
- Não tem.
- Tem sim.
- Ih olha o Cláudio indo embora.
- Onde você vai?
- Vou ir estudar matemática.
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