terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Festa da empresa

Festa de fim de ano da empresa. Fila para o buffet.
Carlos – Nossa que buffet mais sem vergonha hein... – coloca a salada no prato.
Lauro – Nem me fale, a gente trabalha o ano inteiro e essa é a recompensa. – passa reto pela salada.
Carlos – Ainda bem que não vamos ter trabalhar depois de comer...
Lauro – Shiii! Não da idéia que é capaz deles querer que a gente trabalhe.
Pega uns ovinhos de codorna.
Lauro – Sorte que eu belisquei alguma coisinha em casa. – pega arroz com passas.
Carlos – Pior que eu não, to morrendo de fome, quer dizer tava, até ver esse buffet. – Também pega arroz.
Lauro – Porque que colocam passas em tudo na época do natal? – fala e para.
Carlos – Acho que é para aproveitar a safra.
Lauro – Mas eu nunca vi pé de uva passa.
Carlos – Ah não tem aqui no Brasil. – Segue o fluxo da fila, que anda lentamente.
Lauro – Deve ser isso mesmo. Porque você não a vê o ano inteiro, mas chega fim do ano colocam em tudo. – coloca uma colherada de peru com passas.
Carlos – É que representa o espírito natalino...
Lauro – Por que?
Carlos – Se não me engano foi uma dos presente que levaram pra Jesus na manjedoura.
Lauro – O que... Um pacote de uva passa?
Carlos – Não foi um pacote, naquela época não tinha em pacote, foi mirra com uva passa. – pega farofa com uva passa.
Lauro – Onde você viu isso? – para e fica o olhando.
Carlos – Tem numa passagem da bíblia.
Lauro – Deve ser mesmo, mas precisam colocar em todas as comidas? Na páscoa não colocam chocolate em tudo!
Carlos – Ah, mas é que eles usam como um artifício pra tentar disfarçar a cara feia das comidas. – pega pernil com molho de passas.
Lauro – Então deve ser por isso que esse buffet ta cheio delas.
Carlos – Aposto que o chefe não vai comer essa comida nem ferrando.
Dão de cara com o chefe. Que fura a fila pra pernil com passas.
Chefe – Opa, da uma licençinha pra mim.
Os dois param e sorriem. “Toda!”.
Chefe – E aí, o que acharam do buffet?
Carlos – Maravilhoso, ta melhor do que o do ano passado.
Lauro – Não que o do ano passado tivesse ruim, mas é que o desse ano superou.
Chefe – Ah que bom que gostaram, depois peguem uma sobremesa tem gelatina com passas.
Com certeza, falam os dois em coro.

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Paula – Menina olha a mini-saia da Claudia.
Ana – Aquilo é uma mini-saia? Pensei que fosse um cinto.
As duas caem na gargalhada.
Paula – Não sabia que era festa temática...
Ana – Temática?
Paula – É, era pra vir vestida igual funkeira...
Riem juntas novamente. Silencio.
Paula – Sei não, acho que ela está de rolo com o chefe.
Ana – Será?
Paula – Hum... Não desgruda dele.
Ana – Não, ela ta auxiliando na festa...
Paula – Mas desde o meio do ano? Olha lá como ele faz tudo pra ela...
Ana – Ele só esta sendo educado.
Paula – Esse não é o tipo de educação que eu quero passar para os meus filhos.
Ana – E outra, ele é casado. Olha, ta com a mulher ao lado dele...
Paula – E a amante do outro. – completa.
Ana – Aí que maldade.
Paula – Maldade nada é a mais pura verdade.  Não dou três meses pra ela subir de cargo.
Ana – Que isso, o chefe não é desses...
Paula – Você quem pensa, porque não tem os artifícios dela...
Ana – Oi?
Paula – Ele não quer saber da gente, quer saber das novinhas, ele não faria nada conosco, agora com ela, deixa ela abaixar-se pra pegar alguma coisa pra você ver, ou vai dar processo ou aumento!
Ana – Pera aí, fale por você.
Paula – O que?
Ana – Saiba que o chefe já deu em cima de mim, eu é que não retribui...
Paula – Ele só estava sendo educado.
Ana – A nela ela está dando em cima, quando é comigo está sendo educado!?
Paula – É a verdade, se fosse mesmo não estaria a tanto tempo no mesmo cargo.
Ana – Olha quem fala...
Paula – Por isso que eu falei, NÓS, por que eu também não tenho chance.
Ana – É você não tem mesmo, agora eu minha querida... Você não viu o jeito que ele olhou pra mim o dia que eu abaixei pra colocar o café na mesinha.
Paula – Olhar ele até pode olhar, agora dar um aumento, aí já é outra coisa... – desconversa. – olha lá não para de gracinhas, mas é uma exibida.
Ana – Você duvida. – levanta da cadeira.
Paula – Duvida o que?
Ana – Que o chefe fica comigo e eu ganho um aumento.
Paula – Para de viajar, senta aí. Vamos falar da Marina...
Ana – Então fica vendo. – vai em direção a mesa do chefe, cruza com o marido.
Pedro – Peguei gelatina de uva passa.
Ana nem da bola e segue. Pedro chega à mesa.
Pedro – Onde a Ana foi tão determinada?
Paula – Ser promovida... ou despedida.

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Fim de festa
Agenor – Esse daqui é o melhor patrão que existe. – grita bêbado na orelha do chefe.
Chefe – Que isso, vocês merecem.
Agenor – Não merecemos tanto.
Chefe – Merecem sim.
Agenor – Ta bom, nós merecemos sim. Pode dar um aumento pra nós.
Todos riem. Inclusive o chefe.
Agenor – O senhor fez essa festa, pagou tudo, a comida, a bebida, o DJ...
Chefe – É o mínimo que eu posso fazer.
Agenor – É, isso é verdade, é o mínimo mesmo, por que aquele buffetzinho tava ruim, o do ano passado até que passava, mas esse ano... Meu Deus. – aponta com indicador pra dentro da boca com ar de desaprovação.
Todos riem, de novo. Agora o chefe não ri tanto.
Chefe – Ah não tava tão ruim assim, é que você está mal acostumado, sua senhora cozinha bem.
Agenor – Negativo, não, não. Não! Minha mulher é muito ruim na cozinha, só não é pior do que na cama.
Dessa vez até o chefe ri.
Agenor – E mesmo assim eu preferia ta comendo a comida dela ou estar na cama com ela do que ter comido daquele buffet.
Todos param de rir.
Agenor – Gelatina de uva passa? É isso que nós merecemos? E eu achando que tinha feito um bom trabalho durante o ano.
Chefe – Mas fizeram, todos fizeram.
Agenor – Então o senhor podia ter pedido um pudim, né!?
Junta mais funcionários, e os que acabaram de chegar puxam palma.
Chefe – Ano que vem eu peço pra fazerem pudim pra vocês.
Agenor – Obrigado.
Todos riem pensando que foi o fim da discussão, o chefe vai saindo.
Agenor – E a Claudia vai comer logo, ou vai ficar empatando pra gente.
Chefe – Oi?
Agenor – A recepcionista. Todo mundo viu que ta rolando algo.
Chefe – Me respeita minha mulher ta aqui.
Agenor – A minha também, mas nem por isso eu não ficaria com a Claudia.
Chefe – A Claudia é a apenas minha funcionaria, como qualquer um de vocês aqui.
Agenor – Não, não. O senhor nunca olhou pra minha bunda, ou ficou derrubando a caneta toda hora pra eu pegar e o senhor ver meu decote.
Alguns riem, outros ficam com medo. O chefe ri.
Chefe – Boa.
Agenor – Boa mesmo, eu no seu lugar já tinha dado um cargo maior pra ela e feito a festa.
Chefe – Que isso, eu nunca faria um coisa desta.
Agenor – Então promove ela e deixa que a gente faz! – fala e da risadas.
Chefe – Agenor você é uma figura. – fala e vai saindo.
Agenor – Valeu chefe, e você é um puta chefe, ou um chefe com uma recepcionista puta. – da risada e aquelas cutacadinhas que só os bêbados chatos dão.
Chefe – Rá, rá, rá...
Agenor – Esse é o nosso chefe. Uma salva de palmas pra ele. O senhor uva passa.
Todos riem e aplaudem.
Agenor – Velho, enrugado e só da as caras no fim do ano.
Todos continuam rindo.
Chefe – Esse Agenor não é facil. – fala e vai saindo – até segunda Agenor.
Agenor – Até, senhor Passas.
O chefe sai e todos ficam rindo do Agenor.

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