quinta-feira, 1 de março de 2012

pai de primeira viagem

Pioco estava no bar quando recebeu a mensagem da mulher avisando que estava gravida.
- Caramba! – fala ele calando todos na mesa.
- O que foi?
- Aconteceu alguma coisa?
Silencio.
- Minha mulher ta gravida!
- O que?
- A Francis, acabou de me mandar uma mensagem, dizendo que ta gravida.
- Sério?
- Sim.
- E ela já sabe quem é o pai?
Todos riem.
- Não acredito.
Cria-se um murmúrio na mesa.
- Gente eu vou ser pai.
- Um brinde ao novo pai da mesa.
Todos erguem os copos.
- Afinal de contas pai é aquele que cria.
Todos riem novamente. Um dos amigos que estava no banheiro chega a mesa.
- O que está acontecendo?
- O Pioco vai ser pai!
- Caraca, parabéns. Já contou pra Francis?
Todos caem no riso novamente.
- Pra comemorar o novo pai da mesa, vou pedir uma rodada na minha conta!
“opa, aí é bonito” – se ouve em todos os cantos da mesa.
- Pra mim, me ve uma água.
Todos ficam sérios.
- Oi?
- Sabe como é agora vou ser pai, não posso ficar bebendo por aí.
- Mas não vai tomar nem uma pra comemorar?
- Não, já bebi demais nessa vida. Tenho que começar a me cuidar, agora não sou só eu no mundo. Tem uma vida que depende de mim.
- Falou bonito, hein.
Todos bebem, felizes. Chega outra mensagem no celular. Ele abre: Era brincadeira, primeiro de abril, já passou de meia noite.
Ele fica sério. Pega um copo. Enche de cerveja e começa a beber, todos em volta estranham.
- Aconteceu alguma coisa?
- Disse que não ia beber...
- É que eu tava pensando aqui, como eu vou ser pai sendo que eu sou estéril.
Todos ficam sérios na mesa. Parece que até a musica de fundo para de tocar.
- Brincadeira, eu não sou não, primeiro de abril!
Soltando a tensão que tinha ficado depois da noticia, todos na mesa respiram alegres novamente, até a musica volta a tocar. E Pioco continua bebendo em silencio. Com o gosto da sensação boa que teve a pouco pensando que realmente seria pai.

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- Eu quero só ver se ele vai falar primeiro papai ou mamãe, o que você acha que ele vai falar?
Silencio.
- Amor!
Silencio.
- Amor!
Silencio.
- Claudio!
- Oi... – acorda dando um pulo – vai ganhar, vai ganhar, pega a bolsa que eu pego a barriga!
- Não vou ganhar, calma, eu to só de cinco meses.
- Ah é... – deita-se – Ta com desejo de comer alguma coisa?
- Não!
- Tem certeza? Aquele sorvete de picanha, que você me fez ir comprar ontem de madrugada, ainda está inteiro na geladeira.
- Não quero não.
- Nem o churrasco com calda de chocolate? Lembra que você me fez comprar quando tava passando o jogo e quando eu cheguei com ele disse que a vontade tinha passado?
- Lembro, mas não quero não.
- E a vitamina de banana com cebola?
- Me deixou enjoada.
- Isso que você nem provou.
- É...
Silencio. Ele volta a cochilar.
- Amor!
- Que foi?
- O que será que nosso filho vai ser quando crescer.
- Não tenho a mínima idéia.
- Nossa Claudio, você não ta nenhum pouco empolgado com essa criança né?! Se quiser pode ir embora que eu me viro sozinha, não preciso de um pai pra criar ele.
Silencio.
- Claudio, você ta dormindo?
- Não!
- Nossa não da pra contar com você mesmo, to aqui toda preocupada com o futuro da criança e você aí dormindo. Mas deixe, quando ela entender das coisas eu vou contar tudo...
Silencio. Um suspiro longo ao fundo.
- Claudio! – grita.
Claudio da um pulo da cama.
- Estourou a bolsa, corre, quer dizer não corre que é pior, deixa que eu corro. – e saiu correndo pela porta.

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- E quando ela começar a falar.
- Espera aí. – a interrompe. – Quem disse que vai ser ela?
- Eu!
- Como assim você?
- Ué, eu sou a mãe, sexto sentido de mãe.
- É, mas você pode estar enganada, pode ser ele.
- Não pode não.
- Por que não?
- Por que a minha barriga ta muito pontuda.
- E o que é que tem?
- Barriga pontuda é sinal de que é uma menina.
- Por que?
- Não sei, todo mundo diz.
- Todo mundo quem?
- Aí todo mundo Ariosto. Todo mundo!
- E se todo mundo tiver enganado.
- Como assim todo mundo tiver enganado, não tem como todo mundo estar enganado. Se todo mundo falou que barriga pontuda é sinal que é uma menina, é por que todo mundo ta certo.
- Eu não sei, prefiro, não acreditar em todo mundo.
- Ariosto, você não quer uma menina?
- Não é que eu não quero uma menina, é que sei lá nunca criei uma menina.
- E por acaso um menino você já criou?
- Já!
- Já Ariosto, você tem um filho por fora...
- Não, não... Eu já criei um menino, eu! Eu já fui um menino.
- Nossa grande criação.
- Ei! – geme ofendido.

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A mulher está deitada no parque, com a barrigona de fora, alisando como um gordo depois de um almoço farto.
- Amor fala com ele.
- Com ele quem? – olha em volta.
- Com o Arthurzinho!
- Mas ele não nasceu ainda.
- Ah, amor.
- Denise eu não vou falar com uma barriga.
- Não é uma barriga, é seu filho.
- Não é uma barriga, na qual meu filho está dentro.
- Ah fala amor. Ele deve achar que eu sou mãe solteira.
- Ele nem sabe o que é mãe solteira.
- É, mas se você não falar com ele agora, quando ele nascer vai descobrir por que não vai mais ter o pai por perto.
- Amooor...
- Fala com ele.
Silencio. Ela olha com aquela cara que só uma mãe sabe fazer. Sem dizer uma palavra, mas dando a entender tudo. Ele se aproxima da barriga. Da uma olhada em volta pra ver se ninguém está vendo, mesmo eles estando sozinhos em casa. Fica parado com a boca aberta, mas não sai nada.
- Fala!
- Calma, nunca conversei com ele. Tenho que pensar bem o que vou falar.
Silencio.
- Fala caramba!
- Porra!
Ela levanta.
- Ah essa é a primeira coisa que quer que seu filho escute de você? Porra!
- Amor, foi sem querer.
Ela sai da sala e segue para o quarto. Fecha a porta.
- Amor, desculpa, eu tava com vergonha.
Silencio.
- Não quis falar por mal. Filho desculpa o papai!
- Ele não quer assunto com você!
Silencio.
- Desculpa!
Silencio.
- Ah, quer saber eu não queria falar com o seu umbigo mesmo!
Vira as costas.
- Ele ouviu isso Manuel, ele ouviu isso!

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