Verão:
época mais esperada pelo Brasileiro, especialmente a classe média, para poder
ir até a praia mais próxima, curtir as férias, feriados, fim de semana ou
acordar cedo ir e voltar, que seja.
O
casal está esticado na areia da praia, ela tentando pegar uma cor e fazer uma
inveja com as amigas quando voltar ao trabalho. Ele só observando o movimento e
tentando ficar o máximo possível sem fazer nada, já que é pra isso que ele tira
férias.
-
Douglas da pra disfarçar?
-
Disfarçar o que?
- Ao
olhar para as mulheres de biquíni. Não quero ter que tirar ninguém da cadeia.
Ele
olha para ela tentando saber conseguiu ver sendo que está deitada de barriga
para baixo e olhos fechados.
- Eu
não to olhando.
-
Douglas.
Silencio.
-
Você também olhou para salva vidas.
-
Mas é diferente.
-
Por quê?
-
Ele estava resgatando uma pessoa que estava se afogando. Todo mundo tava
olhando.
Todos
anos são iguais, com a chegada do verão as praias se entopem de turistas vindo
de todos os lados. Setembro/Outubro já começa a procura de imóveis para
locação. Casa de praia é igual coração de mãe, sempre cabe mais um. Uma casa
com dois quartos na cidade suporta no máximo quatro pessoas. Na casa na praia
cabe no mínimo quinze, e se você quiser vir ainda tem mais um espacinho na
lavanderia. Só traz o colchão.
Os
casais entram na casa, são quatro, mas ainda tem mais dois pra chegar, fora os
solteiros.
-
Então e a Flavia ficamos com o quarto de casal.
-
Por que você e a Flavia? – questiona o segundo casa.
-
Porque nós que vimos a casa.
- E
o que é que tem. Agora a gente também ta vendo.
-
Sim, mas nós é que fizemos a reserva, corremos atrás.
- E
dai? Todo mundo ta pagando igual.
-
Exatamente. Todos tem o mesmo direito. Mas como é o primeiro ano que a gente
esta vindo, acho que seria de bom grado você cederem o quarto principal pra mim
e para o Glauco.
-
Negativo, vocês vão para o final da fila.
-
Fila?
-
Não tem uma fila.
Olha
para ele de cara feia, estão tentando excluir um da concorrência.
-
Ah, sim, não tem uma. Tem duas. A dos casais e dos solteiros.
-
Ta, mas então quem vai ficar com o quarto?
-
Temos que decidir antes que chegue o resto do pessoal.
- Vamos
fazer o seguinte. Ver quem está a mais tempo junto.
- Nós
estamos a quatro anos.
-
Nós estamos a cinco.
- A
gente a seis.
- Sete
Rogério.
-
Isso, sete. Mas é que quando eu to contigo perco a noção do tempo amor, você
é...
- Ta
bom, já sei, já sei, eu te desculpo. – interrompe.
-
Nós estamos a um ano.
- Vocês
ficam com o quarto.
-
Ei, por que eles? – todos protestam.
-
Porque eles estão juntos a apenas um ano, eles ainda transam.
Segundo
pesquisas confiáveis a chances de chover na praia justamente no fim de semana
que você desceu é de 90% com margem de erro de 60% para mais.
Todo
mundo da casa está dormindo, já que chove incessantemente a dois dias, a
televisão não pega porque as tomadas da casa são de 220 Volts e os jogos
geraram algum tipo de confusão: na damas só veio peça preta, o que gerou
confusão. O Stop terminou após uma discussão sobre como o pode o tomate ser uma
fruta sendo que nunca foi feito chicletes de tomate. E o poker acabou com a
policia tendo que vir apartar a briga entre o sogro e genro, o sogro acusou o
genro de estar com par de AS na manga, o genro disse que era impossível já que
ele estava sem camisa, o sogro não acreditou, disse que ele estava querendo
roubar os feijões de todos.
A
mulher entra no quarto, passa por cima de varias pessoas jogadas em colchões
espalhado por todos os lados, vai até uma das camas.
- Amor.
Silencio
-
Amor.
Silencio
- Amor.
- O
que foi Danusa?
-
Passa bronzeador nas minhas costas.
-
Parou de chover? – pergunta sem nem se dar ao trabalho de abrir os olhos e
olhar pela janela.
-
Não.
-
Então porque você quer que eu passe bronzeador? – abre os olhos para ouvir a
resposta.
-
Porque é a lei da atração. Eu passando estou atraindo o sol.
Ele
fica em silencio olhando para ela.
-
Vai, passa. Passa nas minhas costas, depois eu passo nas suas.
- Eu
não vou passar bronzeador para dormir.
-
Ah, aposto que fosse alguma gostosa na praia você passaria né. – fala e
levanta. – deixa eu vou procurar um salva vidas gostosão para passar pra mim.
- Ta
bom, leva guarda chuvas.
- E quando
voltar traz pão. – Pede alguma pessoa dentre os 20 colchões.
As praias
estão cada vez mais lotadas, é difícil você achar um lugar para se instalar num
dia quente de alta temporada. Você está tendo que chegar cada vez mais cedo
para conseguir um lugar ao sol. Tem famílias que fazem revezamento, enquanto o
pai vai pra casa tomar banho e descansar a mãe fica cuidando do lugar, o turno
da noite o pai fica e a mãe vai. As praias estão cada vez mais lotadas e tem
pais descuidados que perdem o filho sem querer, outros perdem por querer, mas
nesses casos o filho quase sempre é achado, porque nenhum sequestrador aguenta.
Para que isso não aconteça os bombeiros estão distribuindo pulseiras de identificação
na praia, as crianças ficam com pulseiras no braço, parece que acabaram de sair
de uma balada na qual todas entraram no camarote. Alguns pais sugeriram que
seria melhor uma algema de identificação.
A
mãe chega desesperada para o salva vidas.
-
Meu filho sumiu. Por favor. Me ajuda.
-
Ele estava no mar?
-
Não.
-
Sumiu quando nadava?
- Não.
Ele sumiu na areia.
- A
senhora já viu se ele não esta enterrado por ai?
-
Oi?
-
Acontece, já encontramos três casos de pais que enterram o filho e esquecem de
desenterrar então ficam desesperados procurando.
-
Não, eu não enterrei ele.
- A
senhora já ligou no celular dele.
-
Moço ele não tem celular, ele só tem quatro anos.
- Quatro
anos e ainda não tem celular, coitado, deve sofrer bullying.
Ela
olha para ele sem entender.
-
Ele está com a pulseira com os dados dele e da senhora?
-
Sim.
-
Então é só esperar que quando alguém se der conta que ele está perdido, vão nos
procurar.
-
Mas e se ele tirou a pulseira?
- Ai
se um dia ele voltar para casa a senhora vai ter que ter uma conversa séria com
ele, porque colocamos aquilo para a segurança dele.
A
praia é um rodizio de comidas gordurosas á céu aberto. Lá vende de tudo o que
você deixa de comer o ano inteiro para poder estar ali sem peso na consciência.
Tem salgado, churrasquinho, churros, etc. a única vantagem de consumir esses
alimentos na praia é que se cair na areia é só você juntar, soprar o excesso de
areia e comer. Já que são todos a milanesa.
Ele
está sentando na areia com um prato no colo. Se aproxima um garçom de gravata
borboleta, sunga e um espeto.
-
Linguiça?
-
Não, queria coraçãozinho.
- O
cara do coraçãozinho ta vindo, parou a três guarda-sóis.
-
Linguiça moça?
-
Queria um queijinho.
- O
queijo acabou.
-
Aaaah...
O
garçom observa que ela ficou decepcionada. Se aproxima.
- Se
a senhora ta muito afim mesmo de um queijinho eu conheço um banana de pijama
que tem um de primeira.
A
verdade é que as pessoas trabalha o ano inteiro e durante as férias não querem
fazer nada. Quer melhor lugar do que não fazer nada do que a praia? Quem mora
na praia tem alvará para ser vagabundo. O Brasil só não é um país de primeiro
mundo por causa da quantidade de praias que tem.
Ele
mal chegou na casa e já está estirado no sofá, posição que pretende praticar
durante toda as férias.
-
Amor, me ajuda a desfazer as malas.
-
Não, eu não vou fazer nada. To de férias. Vim pra praia pra não fazer nada.
-
Então pelo menos leva os colchões pra tomar um sol, devem estar com cheiro de
mofo. Desde ano passado ninguém vira eles.
-
Pede pro Daniel, eu não quero fazer nada.
-
Nivaldo, assim não vai dar!
- O
quê? Eu vim pra descansar, posso? Trabalhei o ano inteiro pra tirar férias. É só
o que eu quero. Não fazer nada.
- A
tá! e eu vou ter que fazer tudo sozinha?
-
Não.
-
Ah...
- Por
isso trouxe os meninos. – vira para a porta. – querem fazer o favor de vir
ajudar sua mãe.
Segundo
pesquisas confiáveis – dmais confiáveis do que as apresentadas acima, essas são
confiáveis mesmo, guardam segredo e tudo mais. Então essas pesquisas mostram
que no fim do: verão, das férias, feriado, fim de semana, ou do dia que você
foi para a praia, 257% volta mais cansado e estressado do que quando foi. E desses
257%, 300% promete que nunca mais vai para a praia em alta temporada.
Chegam
em casa depois de oito horas no transito voltando da praia.
-
Finalmente em casa. Lar doce lar.
-
Nossa não aguentava mais. Não vejo a hora de voltar a trabalhar.
Começa
a descarregar o carro.
- Eu
me estressei mais nas férias do que trabalhando.
-
Nossa que exagero.
-
Exagero nada. Ainda bem que só temos um mês de férias no ano. As próximas
férias eu vou vender.
-
Olha se for igual essa que a gente passou na praia, duvido muito que alguém vá
querer comprar.
Menino!! Amei o texto! Dá pra ser um roteiro de algum programa da multishow rs
ResponderExcluirPoh, fico feliz que tenha gostado :)
ExcluirBeijo
Ri muito com o seu texto. Me identifiquei para caramba, e olha que faz alguns anos (não me orgulho disso - praia é legal pacas) que eu não me arrisco numa praia.
ResponderExcluirE desculpa pela chatice a seguir mas não resisti:
"os jogos geraram algum tipo de confusão: na damas só veio peça preta, O QUE GEROU CONFUSÃO. O Stop terminou após uma discussão sobre como O pode o tomate ser uma fruta sendo que nunca foi feito chicletes de tomate." - sobrou um "o" na última frase e aquele "o que gerou confusão" no inicio.
"Segundo pesquisas confiáveis – dmais" - sobrou um d aí.
Tá, eu sei que a "polícia da gramática" é a raça mais desprezível da internet (ok, exagerei, há trols mais chatos), mas não resisti a sugerir as correções. E não é para cagar regra é porque o texto ficaria melhor com as correções.
No mais, belo trabalho! :)