domingo, 24 de julho de 2011

Alta madrugada

Alta madrugada.
- Pedro, Pedro, PEDROOO – Balançando o marido.
- Que foi Miriam?
- Tem alguém na cozinha.
- Deixa, não tem nada na geladeira. Ele vai revirar, não vai encontrar nada e vai embora.
- Pedro eu to falando sério.
- Eu também. – Disse ainda de olhos fechados.
- Ouviu?
- O que?
- Olha, escuta.
- Olha ou escuta?
- Quieto. – Fazendo sinal para que ficasse em silencio e ouvisse. – Ouviu?
- Não! – Disse virando para o lado tentando voltar a dormir.
- Como não! Pedro, Pedro...
- Simone. Desse jeito eu vou acabar perdendo a hora no trabalho amanhã, e vou ser mandado embora. É isso o que você quer?
- Não!
- Então me deixa dormir em paz. – Novamente virando para o lado.
ALGUNS MINUTOS DEPOIS
- Pedro, Pedro, PEDROOO – Balançando o marido.
- Que foi cacete!
- Foi pra sala.
- Quem foi pra sala?
- O barulho!
- Que barulho?
- O que tava na cozinha.
- Deixa ele. Vai ligar a TV não tem nada passando. Eu não paguei a TV a cabo.
- Aí como você é besta. Você não pagou a TV?
- Miriam, são duas horas da manhã. Será que da pra você dormir?
- Se você levantar e ir ver quem ta na sala sim!
- Você só vai dormir se eu for lá ver?
- Só!
- Você só vai me deixar dormir se eu for lá ver?
- Aham.
- Ele tava na cozinha e agora está na sala?
- É.
- Então porque você não espera ele chegar aqui no quarto pra descobrir?
- Vai de uma vez Pedro. – Empurrando-o da cama.
Ele foi resmungando. Alguns minutos depois, e nada dele voltar. Um silêncio sepulcral.
- Pedro. Pedro. PEDROOO. – Gritou para o marido, e nada.
Caminhou com medo até a sala. Encontrou o marido deitado dormindo no sofá.
- PEDRO! O que você ta fazendo?
- Você não pediu pra eu vir resolver o negócio do barulho?
- Sim!
- Não parou o barulho?
- Sim!
- Então me deixa dormir em paz cacete.

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Já passava de três horas da madrugada, e os vizinhos de cima pareciam estar numa lua de mel sem fim.
- Nossa! Terceira noite seguida hein!
- Pois é!
- Será que eles não trabalham?
- Devem trabalhar não ta barato o aluguel não.
- Eu não agüentaria trabalhar se fizesse toda essa festa três noites seguida até essa hora.
- É, você já reclama de fazermos uma, e nem chega a ser uma festa tão grande. – Resmungou.
- Oi?
- Nada não.
- Será que só nós conseguimos ouvir?
- Com o barulho que eles fazem acho que o prédio inteiro ouve.
- É né! Fazem mais barulho que o menino do 43 que tem uma banda.
- Verdade.
- E os gritos dela é mais afinado que o vocalista deles. – Disse e riu.
- Ãhm?
- Nada não. – Sério.
Silêncio, no quarto deles. Festa no de cima.
- Ta dormindo?
- Não. Nem tem como.
- Então já que não vamos conseguir dormir, e eles estão tão no clima, que tal se a gente...
- Quieto. Quieto. – Interrompendo.
- O que?
- Pararam! Finalmente. Agora vamos poder dormir.
Viraram cada um para um lado, como o de costume.
- O que você ia dizer Nilson?
- Nada não. Boa noite.

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Alta madrugada, o casal dormia quando de repente algo surgiu em meio às cobertas.
- Carlos pode parar com isso, olha a hora que é nem venha de gracinhas. – Resmungou a mulher.
- O que você disse mãe. – Disse o filho assustando a mãe.
- Nossa que horas você entrou aqui?
- Agora.
- Carlos, Carlos. – Cutucando o marido.
- Que foi mulher. Não vou acordar pra fazer isso hoje, ontem quando eu queria você não quis. – Ainda, meio, dormindo.
- Cala boca. O Junior ta aqui, e quer dormir com a gente.
- Ah filho, é você. – Acordando sem jeito.
- Quero dormir com vocês. Não quero ficar sozinho.
- Ah meu Deus. – resmungou o pai, virando para o lado tentando dormir.
Silêncio.
- O que é que o papai queria ontem a noite que você não quis mãe. – Perguntou o filho, deixando os dois sem saber o que falar.
- O que é que o papai queria? – Enrolou a mãe.
- É! – Respondeu mais acordado do que nunca.
- O papai queria que você viesse dormir aqui com a gente ontem, mas a sua mãe não quis. – respondeu o pai, cuspindo primeira coisa que veio cabeça.
- Sério isso mãe?
- É... É!
- Então já que ontem ela não quis. Sinto muito mais hoje você não pode ficar aqui com a gente.
- Mas pai.
- Sinto muito, não é culpa minha.
- Ah mãe, tudo culpa sua, se tivesse deixado o papai ontem, eu não ia precisar sair hoje. – Saiu o filho batendo o pé.
Silencio, novamente.
- Amor. Amor. Já que o Junior já nos acordou mesmo, e não está mais aqui, bem que a gente podia...
- Não podia nada. – Disse interrompendo. – Culpa sua o menino ta bravo comigo.
- Culpa minha? Não tinha o que falar, você viu o que ele perguntou.
- Sim eu vi. Só que não precisava ter jogado a culpa em mim. Boa noite. – Virou para o lado e dormiu.

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