domingo, 14 de agosto de 2011

Ah pai!


A televisão ligada e o pai como sempre dormindo.
- Pai... Pai... PAI!
- OI! – Deu um pulo o pai limpando a baba.
- Vai dormir na cama.
- Eu não to dormindo!
- Ah não, eu que to!
- Então vai dormir na cama, sofá não é lugar de dormir. – Disse e fechou o olho voltando a cochilar, no sofá.
- Pai... Pai... PAI!
- Que foi cacete!
- Vai dormir na cama.
- Já falei que eu não to dormindo eu to assistindo.
- De olho fechado?
- To assistindo a novela.
- Mas ta passando jornal!
- Mais e a minha novela? Quem trocou de canal?
- Ninguém trocou de canal. A novela já acabou faz tempo.
- Não acredito, eu pisquei acabou!
- Você não piscou você pescou.
- Para de falar que eu tava dormindo.
- Mais você estava.
- Não tava, eu aproveitei o intervalo pra descansar os olhos.
- Intervalo entre o começo da novela e o fim do jornal.
- Que mane dormindo. Deixa eu assistir quietinho. – Disse, fechou os olhos e voltou a dormir.
O filho levantou, desligou a televisão e saiu.
- Porque você desligou a televisão? Eu tava assistindo. – Resmungou o pai.

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Alta madrugada, marido e mulher dormiam, quando a mulher sente algo a tocando.
- Pode parar com isso Lucio. Amanhã eu tenho que acordar cedo!
Silencio. Agora esse mesmo algo toca o marido.
- Paula amanhã é segunda-feira tem certeza que quer fazer isso agora? Nem é dia disso!
- Quer fazer o que pai? – Disse o filho, assustando pai e mãe.
- Que susto filho. – Disse o pai.
- É sabia que não tinha como ser seu pai mesmo. – Resmungou a mãe.
- O que é que você ta fazendo aqui filho?
- To com medo de ficar no meu quarto, deixa eu dormir com vocês?
- Medo do que filho? Não tem nada lá.
- Como não pai? Tem sim. Se não tivesse eu não tinha vindo pra cá.
- É tem que concordar que faz sentido Lucio. – Disse sem nem se dar o trabalho de abrir os olhos.
- Não incentiva Paula.
- Eu não quero nem saber, vou dormir vocês que se virem. Boa noite!
- Vai dormir no seu quarto Miguel.
- Ah pai deixa eu ficar aqui, to com medo de ficar lá. E eu não vou incomodar não, só vou dormir.
- Não é pelo fato de incomodar ou não filho, é só que você tem que parar com isso.
- Ta eu vou parar, mais hoje deixa eu ficar.
- Você sempre fala isso. E eu sempre caiu. Mais hoje não!
- Mais pai...
- Sem mais pai!
- Mãe! Mãe! Acorda mãe.
- Nem adianta tentar acordar sua mãe, quando ela finge que ta dormindo assim ninguém consegue fazê-la acordar. E eu falo com conhecimento de causa!
- Oi?
- Nada. Vai pro seu quarto.
- Pai tem alguma coisa lá.
- Tem mesmo...
- Viu!
- Tem sua cama, que é onde você deveria estar dormindo.
- Nossa nada a ver pai.
- Nada ver é você achar que tem alguma coisa lá. E não fala assim comigo moleque, eu sou seu pai.
- Aí é modo de falar.
- É modo de falar você vai ver. Quero ver você falar sem os dentes! Agora vai pro seu quarto.
Levantou o pai arrancando o filho da cama e levando-o a força pro quarto.
- Ah pai só queria dormir, sabe só dormir, chegar quietinho e dormir.
- Eu também, só queria dormir, mas você foi me acordar. Agora deita aí e dorme. Boa noite!
- Boa noite pra você que não vai dormir sozinho.
- É você não diria isso se tivesse que dormir com a sua mãe todos os dias.
- Oi?
- Nada!
Silencio. Quarto do casal. A mulher sem nem ao menos abrir os olhos resmungou.
- E aí a fera dormiu?
- Sim. – Respondeu o filho.
- Miguel? Ué, cadê seu pai? – Perguntou a mãe agora de olho aberto.
- Ficou dormindo na minha cama. Fizemos uma troca, ele cuida dos mostras lá, e eu agüento a senhora aqui. Boa noite mãe!

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- Pai me da dinheiro!
- Como assim ‘me da dinheiro’?
- Ué abre a carteira, tira o dinheiro de dentro, e me da!
- Não, mais não é bem assim que as coisas funcionam. Você tem que merecer esse dinheiro.
- Como assim merecer? Sou teu filho, isso já não é motivo suficiente?
- Não é disso que eu to falando!
- Do que você está falando então?
- To falando, que não posso sair dando dinheiro pra você assim, se não você não vai dar valor nele.
- Claro que vou!
- Não vai não! Eu sei disso, sua mãe era assim. Pedia dinheiro eu dava, pedia eu dava, por isso ela não valoriza.
A mãe entra na sala.
- O que vocês estão falando aí?
- Mãe eu pedi dinheiro pro pai ele não quer me dar...
- Não é que eu não quis dar...
- Da logo dinheiro pro moleque. – Gritou a mãe interrompendo-o.
- Não, eu to tentando ensinar uma lição pra ele.
- Que lição? A ser pão duro?
- Que pão duro?
- Dá logo o dinheiro pra ele.
- Não vou dar. Ele tem que fazer por merecer.
- De novo isso pai.
- Não to fazendo por mal, to tentando te ensinar algo.
- Não parece, só parece que você não quer dar e ponto. Olha aí o jeito do pai mãe.
- Quero te ensinar a valorizar, a conquistar as coisas.
- Mais eu só quero ir no cinema. Mãe!
- Pedro me da cinqüenta reais aí!
- Pra que?
- Ah vai ficar me controlando agora? Quer me ensinar uma lição agora também? Eu não sou seu filho...
- Toma, toma. – Deu o pai de uma vez afim de evitar uma discussão maior.
- Toma filho. – Entregando o dinheiro com a mesma mão que tinha pego do pai. – Vai no cinema!
- Obrigado mãe, te amo. – Disse e saiu como se o pai não tivesse ali.
- Você viu o que você fez?
- Sim! Eu não bebi ainda.
- Eu to tentando ensinar algo pra ele e você faz isso? Depois não vá reclamar se ele ficar igual a você.
- Não, eu vou reclamar se ele ficar igual a você. Pão duro!

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