Hoje em dia está na moda ir para academia em casal. O que
é um erro, já que lá está uma concentração de mulheres que o homem casado
trairia sua mulher, e os homens com quem a mulheres sonham que seus maridos
fossem.
Deveriam fazer uma academia só com casados. Terminou um
relacionamento é dispensado da academia.
-
um... dois... três... Faz tempo que eu não vejo a Paula e o Beto... oito...
nove... dez... será que eles desistiram? – termina e reveza com a esposa.
-
Não. Eles terminaram. Um... dois... três...
-
Mentira.
-
Sim. Sete... oito... nove...
-
Mas e só por isso pararam?
-
onze... doze... É. Não podiam continuar. Esqueceu que aqui é só para casados?
-
Mas Ela podia fazer com a gente.
-
Nivaldo, você está querendo revezar em três?
- O
que você estava olhando para a bunda dela.
-
Não estava olhando para bunda dela, tava vendo a postura dela.
-
Então agora você é personal trainer e eu não sabia.
-
Amor, eu queria saber qual é o exercício.
-
Pera aí você queria saber qual é o exercício ou a postura?
-
Oi?
- Me
poupe né Eduardo.
- O
quê?
-
Você acha que uma mulher daquela, iria querer algo com alguém como você.
-
Ué, porque não.
-
Você é um banana. Olha quanto homem forte tem por aqui. Por que ela se
interessaria justo por você?
-
Justamente por isso. Porque aqui todo mundo é igual. E eu sou diferente. Me
destaco na multidão.
-
Não você não se destaca. O que se destaca é a sua barriga.
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Na academia
tem dois tipos:
Os
que se preocupam em erguer muito peso.
- Eu
já ergui 50 kg só com a mão direita.
- Eu
ergo isso com o mindinho.
- Eu
só ergo isso com o pênis.
- Eu
erguia com a língua, mas agora que você disse que ergue com o pênis eu não vou
erguer mais.
E os
que não estão nem ai.
- Ta
muito pesado.
- No
começo é assim mesmo.
-
Tem certeza? Não parece normal.
-
Sim.
-
Mas eu não to conseguindo.
-
Força.
-
Tem como diminuir um pouco?
-
Você está fazendo só com a barra.
Silencio.
-
Tem uma barra mais leve?
-
Mais leve?
- É,
uma outra barra?
-
Que outra barra?
-
Sei lá, barra de chocolate.
-
Por favor, volta a fazer seu exercício.
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Já ouvi
depoimentos de pessoas que disseram que eram viciadas em academia. Ta ai um
vicio que eu nunca vou ter.
-
Estamos aqui reunidos hoje, no VEAA: Viciados Em Academia Anônimos. Quem quer
falar primeiro.
No
meio um homem, forte, ergue o braço.
-
Que bíceps – é o comentário de geral.
-
Meu nome é Jonas.
- Oi
Jonas. – falam todos em uníssono.
-
Hoje faz dois dias que eu não vou a academia. Eu sou um viciado em academia.
Gosto de erguer peso olhando para o espelho. Cumprimentar gente que eu não
conheço fazendo cara de mal e de revezar. Estou sofrendo muito. Não é fácil ser
fracote.
- No
começo é assim mesmo.
- Mas
estou me esforçando. Como se tivesse fazendo um supino reto com um peso que
nunca levantei. Esforçando-me muito. Hoje por exemplo, fiquei em casa comendo
besteira e assistindo televisão.
-
Muito bem.
- Alguns
momentos fui coçar meu pé, então comecei a fazer abdominal.
-
Não! – falam todos desanimados.
-
Sorte que minha mãe estava em casa então jogou um pedaço de bolo de chocolate
na minha cara.
-
Ufa! – Como se tivesse passado uma bola quase entrando no ângulo do nosso
goleiro.
-
Por muitas vezes me pego pensando eu correndo na esteira, ao som de uma musica
pop no ultimo volume e me da vontade de chorar. Mas eu sou forte. E vou
aguentar. Pra não ser mais.
-
Muito bem Jonas. Pode contar com a gente.
-
Três séries de doze? – pergunta um dos fortões, lá do meio.
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Você
sabe que está fora de forma, quando vai fazer a matricula na academia, e quem
te atende pede pra tirar uma foto pra usar no antes e depois.
-
Tudo bem.
-
Opa, tudo bem, demorou mais veio hein.
-
Oi?
-
Era pra ter vindo a muito tempo.
-
Pois é, mas é que eu estava fazendo umas outras coisas.
-
Mas a academia é prioridade.
-
Foi o que a minha mulher falou.
-
Então você trabalha com a sua mulher.
-
Não. ela só queria que eu viesse de uma vez.
- Eu
também.
-
Então, finalmente eu vim.
-
Ta, pode me seguir.
O
homem sai de trás do balcão.
- Mas
é assim?
-
Não sei, você precisa de alguma coisa.
-
Não tenho que fazer uma matricula?
-
Tem?
-
Tem?
Silencio.
-
Faz primeiro, depois mexo na papelada.
-
Então ta bom.
Os
dois vão caminhando entre os aparelhos e as pessoas malhando. O homem forte na
frente.
-
Mas eu posso fazer vestido assim.
-
Olha acho que não está vestido adequadamente. Mas não sou eu que vai dizer
isso.
-
Quem é então?
-
Teu chefe.
-
Meu chefe? Mas eu não tenho chefe. Sou autônomo.
-
Então você que sabe.
Chegam
até uma porta. O instrutor, bombado, abre. É um banheiro, ao abrir a porta libera
um cheiro mais forte que o mais forte da academia.
-
Que nojo!
- Você
demorou a situação agravou.
- Eu
demorei?
-
Sim, já estou ligando pra virem arrumar, faz mais de um mês.
- E
eles não mandaram ninguém?
- É,
se você não viesse arrumar hoje, ia cancelar e ligar para outro.
-
Arrumar?
- É,
entupiu.
-
Mas eu não sei mexer com isso.
-
Como assim? Demoraram tanto pra enviar alguém e mandam alguém que não sabe?
isso é um descaso.
-
Pera aí, deve estar havendo um mal entendido.
-
Deve mesmo. Pedi um encanador mandaram alguém que não sabe mexer e que tem
nojinho.
-
Desculpa não poder ajudar.
O
fortão fecha o banheiro.
- Eu
vou ligar hoje mesmo na empresa. Isso é uma palhaçada. Acham que estão lidando
com quem?
Atravessam
toda academia de volta para o balcão.
-
Você tem toda razão. Tem que ligar mesmo. É de direito.
O
instrutor fica parado atrás do balcão. O homem de frente para ele. Os dois
ficam olhando-se.
- O
que você quer aqui ainda? Pode ir embora.
-
Queria fazer academia.
-
Quer fazer academia?
- É,
vim, minha mulher disse que se eu não voltasse com a matricula feita e suando,
ela ia me deixar.
Muito bom, Padilha! Adoro seus textos! Sensacionais! Parabéns!
ResponderExcluirMuito bom. Meus parabéns! :D
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