segunda-feira, 4 de junho de 2012

Policial bom e policial ruim.


Policial bom policial ruim, os dois são estabanados, então eles confundem.
Dois policiais estão dentro do carro, em frente a uma casa, onde uma mulher, que está sendo mantida como refém de um homem, conseguiu fazer uma chamada de emergência para a policia. Eles tem que entrar e negociar com o bandido, mas a situação é complicada porque o homem está bêbado.

- Beleza então vamos entrar.
- Vamos.
- Vamos derrubar a porta e entrar atirando.
- Não, não podemos, temos que ter uma abordagem mais leve.
- Ah... então batemos na porta, pedimos pra ele abrir, então quando ele abrir entramos atirando!
- Não podemos atirar.
- Ah não?
- Não.
- Então porque andamos com armas?
- Porque somos policiais.
- Que graça.
- Não podemos atirar, ele tem uma refém.
- Ah...
- Então, temos que ter um plano.
- Eu já dei a minha ideia.
- Já falei que não vamos arrombar a porta e atirar.
- Então arruma um plano melhor bonzão!
- Vamos usar a tática do policial bom e policial ruim.
- Policial bom e policial ruim?
- É, nunca viu nos filmes? Um faz o papel do policial bom, o que quer ajudar o bandido, livrar a cara dele. O outro é o mal que quer ferrar com ele.
- Entendi, legal.
- E aí, qual você quer ser?
- Deixa eu pensar...
Silencio.
Um grito sai de dentro da casa.
- Vamos cara.
- Espera aí... Espera aí... O policial bom.
- A droga, eu queria ser o policial bom.
- Você que mandou eu escolher.
- Ta.
- Então como fazemos?
- Eu bato na porta e mando o meu texto de policial ruim, aí você intervém como policial bom.
- Beleza.
- Vamos lá!
- Espera aí... – segura o braço do parceiro.
- O que?
- Qual vai ser a minha deixa?
- Como assim?
- Quando eu sei que posso começar a falar?
- Quando achar que deve.
- Ta!

Os dois descem do carro e vão em direção a porta.
Batem na porta. Ninguém atende.
Tocam a campainha. Ninguém atende.
Batem palma. Ninguém atende.

- Abre a porta. Aqui é da policia. – fala e bate na porta mais uma vez.
- Mas não precisa ter pressa viemos em paz.
O primeiro policial olha torto pra ele.
- O que você está fazendo?
- Sendo bom!
O policial “ruim” balança a cabeça negativamente.
Bate de novo, dessa vez mais forte.
- Recebemos um chamado daqui dessa casa, queremos saber o que está acontecendo.
- Se está tudo bem. – diz o outro. – só fazendo nosso serviço. Afinal de contas é pra isso que somos pagos. É onde vai seu dinheiro do imposto.
Olha torto.
Bate novamente, cada vez mais forte.
- Se não abrirem vamos arrombar.
- Você não falou que não íamos arrombar? – sussurra.
- E não vamos. – responde, também sussurrando. – só estou fazendo meu papel.
- Ah.
- Se não abrirem vamos arrombar. Vou contar até dez.
- até trinta!
- Oi?
- Tenho que ser bom. Dez é muito pouco.
- Vou contar até dez... Um.
- Até trinta.
- até dez... dois.
- Pode vir devagar, não precisa ter pressa.
- Três...
- Ele está flertando.
- Quatro.
- Quatro e meio.
- Cinco.
- Não precisa ter pressa, tem 25 segundos ainda.
- seis.
- Pode terminar o que ta fazendo.
- Sete.
- Ele não vai arrombar.
- Oito.
- Não temos autorização pra fazer isso.
- Nove.
- Eu não vou deixar.
- Dez.
Da uma bica na porta, arrombando-a.
- O que você fez?
- Arrombei. – fala e vai entrando na casa, cauteloso.
- Era pra contar até trinta. – segue o parceiro.
- Falei que ia contar só até dez.
- Mas não é pra trabalharmos juntos?
- Sim. E você fez o papel direitinho.
Param enfrente a uma porta que está entre aberta.
- Se soubesse que podia arrombar a porta eu tinha escolhido ficar com o policial ruim.
- Eu te dei a opção.
Abrem a porta com tudo. Assustando o casal que estava dormindo.
- POLICIA!
- Aí meu Deus. – grita a mulher, acuada pela arma.
- Mãos para o alto, sem vergonha!
- Calma aí amigão, ele tem o direito de se defender.
- O que está acontecendo? – diz o homem, só de cueca e com as mãos pra cima.
- Eu é que pergunto. Se acha o bonzão né.
- Não precisa tratar ele assim, ele vai admitir o crime dele. não precisa atirar em ninguém. – fala e da uma piscadinha.
- Atirar? Porque atirar?
- Você sabe muito bem! – chacoalha a arma energicamente na direção dele.
- É melhor colaborar, não sei por quanto tempo vou conseguir deter ele.
- Eu não sei do que vocês estão falando.
- O que está acontecendo? – grita a mulher aos prantos.
- Não se preocupe dona, te salvamos das garras desse vagabundo!
- É, pode ficar tranquila. Não vamos fazer nada de mau com ele. Só fazemos o nosso trabalho. Afinal de contas somos pagos pra isso, você paga seus impostos pra ter uma segurança garantida...
- Do que vocês estão falando? – pergunta ela, dessa vez sem chorar.
- Recebemos uma chamada que a senhora estava sendo ameaçada pelo seu marido, que ele estava bêbado e queria te matar.
- Mas eu não bebo! – defende-se o homem ainda com as mão pra cima.
- Aham... E eu também não mato! – chacoalha a arma.
- Calma aí!
- Que chamada? Meu marido não bebe. Nossa religião não permite.
- Ah não? – abaixa a arma e pergunta confuso.
- Não. – responde o homem.
- Eu não liguei pra ninguém, trabalhamos o dia inteiro e estávamos dormindo.
- Não é o que parece. – aponta para o KY na cabeceira da cama.
Os dois ficam constrangidos.
- Não ligamos pra ninguém.
- Recebemos um chamado, aqui da Marilia Amaral, 163.
- Aqui é 166. – fala o homem.
- Ninguém perguntou pra você. – volta a apontar a arma.
- Calma aí. Aqui é a 166?
- É.
- Caralho entramos na casa errada. – resmunga para o policial ruim.
- E agora? – resmunga de volta.
O casal assiste os dois um cochichando para o outro.
- Vamos sair fora. – baixa a arma o policial “ruim” e vai saindo.
- Desculpa incomodar. Cometemos um pequeno engano. Podem voltar a dormir. E saibam, no que precisar da policial estamos aqui pra servir. Afinal de contas vocês pagam impostos... – vai fechando a porta e saem. Andando a passos rápidos.
- Caramba. Erramos a casa.
- Acontece.
- Ta! Mas agora vamos na certo.
- E dessa vez, eu sou o policial ruim. – se encaminham para a casa do outro lado da rua. 

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