Policial bom policial ruim, os dois são estabanados,
então eles confundem.
Dois
policiais estão dentro do carro, em frente a uma casa, onde uma mulher, que
está sendo mantida como refém de um homem, conseguiu fazer uma chamada de
emergência para a policia. Eles tem que entrar e negociar com o bandido, mas a
situação é complicada porque o homem está bêbado.
-
Beleza então vamos entrar.
-
Vamos.
-
Vamos derrubar a porta e entrar atirando.
-
Não, não podemos, temos que ter uma abordagem mais leve.
-
Ah... então batemos na porta, pedimos pra ele abrir, então quando ele abrir
entramos atirando!
-
Não podemos atirar.
- Ah
não?
-
Não.
-
Então porque andamos com armas?
-
Porque somos policiais.
-
Que graça.
-
Não podemos atirar, ele tem uma refém.
-
Ah...
-
Então, temos que ter um plano.
- Eu
já dei a minha ideia.
- Já
falei que não vamos arrombar a porta e atirar.
-
Então arruma um plano melhor bonzão!
-
Vamos usar a tática do policial bom e policial ruim.
-
Policial bom e policial ruim?
- É,
nunca viu nos filmes? Um faz o papel do policial bom, o que quer ajudar o
bandido, livrar a cara dele. O outro é o mal que quer ferrar com ele.
-
Entendi, legal.
- E
aí, qual você quer ser?
-
Deixa eu pensar...
Silencio.
Um
grito sai de dentro da casa.
-
Vamos cara.
-
Espera aí... Espera aí... O policial bom.
- A
droga, eu queria ser o policial bom.
-
Você que mandou eu escolher.
-
Ta.
-
Então como fazemos?
- Eu
bato na porta e mando o meu texto de policial ruim, aí você intervém como
policial bom.
-
Beleza.
-
Vamos lá!
-
Espera aí... – segura o braço do parceiro.
- O
que?
-
Qual vai ser a minha deixa?
-
Como assim?
-
Quando eu sei que posso começar a falar?
-
Quando achar que deve.
-
Ta!
Os
dois descem do carro e vão em direção a porta.
Batem
na porta. Ninguém atende.
Tocam
a campainha. Ninguém atende.
Batem
palma. Ninguém atende.
-
Abre a porta. Aqui é da policia. – fala e bate na porta mais uma vez.
-
Mas não precisa ter pressa viemos em paz.
O
primeiro policial olha torto pra ele.
- O
que você está fazendo?
-
Sendo bom!
O
policial “ruim” balança a cabeça negativamente.
Bate
de novo, dessa vez mais forte.
-
Recebemos um chamado daqui dessa casa, queremos saber o que está acontecendo.
- Se
está tudo bem. – diz o outro. – só fazendo nosso serviço. Afinal de contas é
pra isso que somos pagos. É onde vai seu dinheiro do imposto.
Olha
torto.
Bate
novamente, cada vez mais forte.
- Se
não abrirem vamos arrombar.
-
Você não falou que não íamos arrombar? – sussurra.
- E
não vamos. – responde, também sussurrando. – só estou fazendo meu papel.
-
Ah.
- Se
não abrirem vamos arrombar. Vou contar até dez.
-
até trinta!
-
Oi?
-
Tenho que ser bom. Dez é muito pouco.
-
Vou contar até dez... Um.
-
Até trinta.
-
até dez... dois.
-
Pode vir devagar, não precisa ter pressa.
-
Três...
-
Ele está flertando.
-
Quatro.
-
Quatro e meio.
-
Cinco.
-
Não precisa ter pressa, tem 25 segundos ainda.
-
seis.
-
Pode terminar o que ta fazendo.
-
Sete.
-
Ele não vai arrombar.
-
Oito.
-
Não temos autorização pra fazer isso.
-
Nove.
- Eu
não vou deixar.
-
Dez.
Da
uma bica na porta, arrombando-a.
- O
que você fez?
-
Arrombei. – fala e vai entrando na casa, cauteloso.
-
Era pra contar até trinta. – segue o parceiro.
-
Falei que ia contar só até dez.
-
Mas não é pra trabalharmos juntos?
-
Sim. E você fez o papel direitinho.
Param
enfrente a uma porta que está entre aberta.
- Se
soubesse que podia arrombar a porta eu tinha escolhido ficar com o policial
ruim.
- Eu
te dei a opção.
Abrem
a porta com tudo. Assustando o casal que estava dormindo.
-
POLICIA!
- Aí
meu Deus. – grita a mulher, acuada pela arma.
-
Mãos para o alto, sem vergonha!
-
Calma aí amigão, ele tem o direito de se defender.
- O
que está acontecendo? – diz o homem, só de cueca e com as mãos pra cima.
- Eu
é que pergunto. Se acha o bonzão né.
-
Não precisa tratar ele assim, ele vai admitir o crime dele. não precisa atirar
em ninguém. – fala e da uma piscadinha.
-
Atirar? Porque atirar?
-
Você sabe muito bem! – chacoalha a arma energicamente na direção dele.
- É
melhor colaborar, não sei por quanto tempo vou conseguir deter ele.
- Eu
não sei do que vocês estão falando.
- O
que está acontecendo? – grita a mulher aos prantos.
-
Não se preocupe dona, te salvamos das garras desse vagabundo!
- É,
pode ficar tranquila. Não vamos fazer nada de mau com ele. Só fazemos o nosso
trabalho. Afinal de contas somos pagos pra isso, você paga seus impostos pra
ter uma segurança garantida...
- Do
que vocês estão falando? – pergunta ela, dessa vez sem chorar.
-
Recebemos uma chamada que a senhora estava sendo ameaçada pelo seu marido, que
ele estava bêbado e queria te matar.
-
Mas eu não bebo! – defende-se o homem ainda com as mão pra cima.
-
Aham... E eu também não mato! – chacoalha a arma.
-
Calma aí!
-
Que chamada? Meu marido não bebe. Nossa religião não permite.
- Ah
não? – abaixa a arma e pergunta confuso.
-
Não. – responde o homem.
- Eu
não liguei pra ninguém, trabalhamos o dia inteiro e estávamos dormindo.
-
Não é o que parece. – aponta para o KY na cabeceira da cama.
Os
dois ficam constrangidos.
-
Não ligamos pra ninguém.
-
Recebemos um chamado, aqui da Marilia Amaral, 163.
-
Aqui é 166. – fala o homem.
-
Ninguém perguntou pra você. – volta a apontar a arma.
-
Calma aí. Aqui é a 166?
- É.
-
Caralho entramos na casa errada. – resmunga para o policial ruim.
- E
agora? – resmunga de volta.
O
casal assiste os dois um cochichando para o outro.
-
Vamos sair fora. – baixa a arma o policial “ruim” e vai saindo.
-
Desculpa incomodar. Cometemos um pequeno engano. Podem voltar a dormir. E
saibam, no que precisar da policial estamos aqui pra servir. Afinal de contas
vocês pagam impostos... – vai fechando a porta e saem. Andando a passos
rápidos.
-
Caramba. Erramos a casa.
-
Acontece.
-
Ta! Mas agora vamos na certo.
- E
dessa vez, eu sou o policial ruim. – se encaminham para a casa do outro lado da
rua.
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