-
Costelinha.
-
Oi?
- Vou
te chamar de costelinha.
-
Por quê?
-
Porque você foi feita a partir de uma costela.
- Só
por isso vai me chamar de costelinha?
- É
um jeito carinhoso de chamar.
- Não
acho.
- Eva
é muito formal.
-
Mas costelinha não é legal.
- Eu
gosto.
-
Então eu vou te chamar de monte.
-
Monte, porque eu sou forte?
-
Não, porque você veio do barro. – fala e sai batendo o pé.
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-
Nunca daria certo entre nós.
-
Por quê?
-
Porque não tínhamos apelido.
-
Não entendi.
-
Estavamos juntos a três anos e não tínhamos apelidos entre nós. Era um
relacionamento muito formal.
-
Mas eu te chamava de amor, bebê, você me chamava de benhê.
-
Sim, mas esses são genéricos.
-
Genéricos?
- É,
todo mundo usa. É domínio publico.
-
Não to entendendo.
-
Por exemplo, a Ana e o Claudio se chamavam por apelidos, Nanica e Ursinho. A Miriam
e o Petronio, Catatau e Manelinha, e nós nunca tivemos...
- Ah
entendi.
Silencio.
-
Caiporinha.
-
Oi?
- Eu
te chamei de caiporinha.
-
Por quê?
- Um
apelido. Não disse que precisávamos de um apelido? Gosto de caiporinha. Minha caiporinha.
- Ah,
mas agora é tarde demais. A caiporinha já tem dono.
Silencio.
-
Alias não é caiporinha. É Minizinha. – fala e sai.
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Os
dois estão no quarto, na cama, toca o interfone. Ele vira para ela.
-
Atende lá minha tchutchuquinha.
-
Atende você Pirulitinho.
-
Ah, lindezinha, atende lá, o pirulitinho ta com preguiça.
- Ah
amorzinho, a lindezinha ta tão quentinha aqui.
-
Vai mainha.
-
vai você painho.
- Da
outra vez eu já fui, agora é a sua vez bebezinha, agora é a sua vez.
-
Vai mais essa vez bebezão, eu já fui três vezes essa semana.
-
Mas você ta contando ursinha.
-
Não ursão, só to falando.
-
Parece que você ta jogando na minha cara pimentinha.
-
Não to não preguiçosão.
- Então,
vai lá briguentinha.
-
Vai você folgadinho.
- Não,
vai você chatinha.
-
Não vou levantar daqui chatão.
- Nem
eu madaminha.
O
interfone para de tocar. Os dois ficam um emburrado com o outro.
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-
Então ele falou, ‘ei matraca’.
-
Pera aí quem é matraca.
- Eu
sou o matraca.
- Matraca
não é legal. Quem te deu esse apelido?
-
Todo mundo me chama assim.
-
Todo mundo quem?
-
Todo mundo... todo mundo.
-
Nunca vi ninguém te chamando assim.
- É,
agora todo mundo me chama assim. É matraca pra lá, matraca pra cá. Se lá no
serviço você falar meu nome ninguém sabe quem é, agora se falar matraca, ai
geral sabe.
Silencio.
-
Ninguém te chama assim né, você está tentando emplacar uma apelido de novo né?!
-
Droga! Eu só queria ter um apelido.
-
Seu nome é legal cara.
-
Mas eu não quero ser chamado pelo meu nome, eu queria ter um apelido, zóio,
orelha, nareba, bigode.
-
Mas você não tem bigode.
- Eu
deixo crescer.
-
Vitor não é bem assim.
-
Não me chama de Vitor, me chama de Bigode, a partir de agora só atendo por
Bigode.
- Vitor.
Silencio.
-
Vitor tão te chamando.
Silencio.
- Bigode.
-
Oi.
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