- Pai,
eu tenho uma coisa pra dizer pra você.
-
Nossa, que sério.
Ele hesita.
- Pode
fala filho, você está com algum problema. É dinheiro? Pode pedir, não precisa
ficar com vergonha.
-
Não, não é dinheiro.
-
Então, o que foi?
- Não
sei bem como falar.
-
Fala logo, estou ficando preocupado.
- Ta
bom, vou direto ao assunto: eu sou hetero.
-
Oi?
-
Isso mesmo que você ouviu.
-
Não acredito.
-
Sou heterossexual, gosto de mulher.
-
Não acredito, não acredito...
-
Acredite pai, eu gosto de mulher. Peitos, bunda.
- Como
pode dizer uma coisa dessas?
- É
a verdade pai. Eu não consigo mais esconder.
-
Você está doente.
-
Não pai, não estou.
-
Está sim. Deve ser alguma alucinação.
-
Não pai, não estou, eu apenas não aguentava mais ficar preso no armário.
-
Vou levar você num psicólogo.
- Eu
não quero ir num psicólogo, quero ir numa psicóloga. Uma bem gostosa. Que aí eu
me abro pra ele. E ela se abre...
-
Olha essa boca. Veja bem o que vai falar antes de abrir a boca.
- O que?
É a verdade.
- É
a verdade nada. Você está sendo influenciado demais. O que eu falei sobre ficar
vendo futebol, filmes de ação...
Silencio.
-
Isso ia te heterorizar.
-
Pai eu nasci assim.
-
Não nasceu. Eu sei como você nasceu, eu tava lá, eu que te tive. Você saiu
dessa barriga. – aponta a barriga. – você nem mamou nos meus peitos, quer prova
maior que não gosta de mulher?
-
Mas pai isso não tem nada a ver.
Pela
porta entra a mãe, vinda da rua, com algumas sacolas.
- O
que está acontecendo?
-
Sua filha...
-
Filho!
-
Sua filha tem uma novidade.
-
Mãe, eu sou hetero.
-
Olha aí.
- Aí
meu Deus. – coloca as coisas na mesa e cai mole na cadeira.
- Eu
gosto de mulher.
- O
que eu te disse sobre deixar ele ficar andando com aquelas mulheres. Falei que
seriam uma má influencia. Mas não, ninguém me da ouvidos.
-
Pai, elas não tem nada a ver com isso.
- Ah
não? Então porque você começou com essa ideia da noite pro dia?
-
Não foi da noite pro dia. Eu sempre fui hetero.
-
Não repete isso de novo. Não repete isso de novo que eu te bato até você virar
homo.
-
Parem com isso. – interrompe a mãe, aos prantos.
-
Pai, eu sou assim.
- Eu
não quero saber. Enquanto estiver morando na minha casa, comendo da minha
comida e eu pagar as contas não vou aturar filho hetero.
-
Então eu vou ser obrigado a ir embora.
-
Isso vai embora, vai embora. Mas pense bem, que se você acha que vai sair por
aí pegar a mulherada e depois voltar pra casa, o senhor está muito enganado.
-
Não, pode ficar tranquilo que eu não vou voltar. Já tenho umas mina que eu to
pegando que vou me ajudar lá fora.
Sai
e bate a porta. O pai fica no sofá revoltado e a mãe na mesa aos prantos.
Muito bom esse diálogo!!! Adorei a tirada do "sair do armário". Acredito que tem muito mais humor nessa sua caxola. Todos precisamos de um pouco mais disso na vida!!! ;) Tá no favoritos!
ResponderExcluirTe contar esse "captcha" viu???
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