Dois gatos pretos conversando:
- acabei de cruzar um humano branco.
- puta que pariu, é azar.
- eu não sou supersticioso.
- nem eu.
- sorte sua.
- não passa embaixo da escada que da
azar.
- meu amigo, do jeito que eu estou
ultimamente quem vai ficar com azar é a escada.
- ontem cruzei com um gato preto.
- e ai?
- ai que hoje ele fingiu que nem me
conhecia.
- minha sexta-feira 13 já começou
azarada.
- por quê?
- acabei de descobrir que vou
trabalhar sábado 14.
Dois coelhos conversando, um deles sem
as patas.
- o que aconteceu com você?
- não sei, sábado a noite, alguém
colocou algo na minha cenoura, apaguei, quando acordei estava numa banheira
cheia de gelo sem as patas.
- ontem quebrei um espelho.
- puta, sete anos de azar.
- existe algum jeito de compensar?
- sim.
- como?
- pagando o espelho.
- amor, bate na minha mão, ela está
coçando, é dinheiro.
- eu não, vai me passar micose.
- a mãe de um amigo meu morreu porque
ele não desvirou o chinelo.
- sério?
- sim.
- como?
- ele deixou o chinelo de ponta
cabeça, tinha um prego pra segurar a tira, ela pisou no prego, o prego estava
enferrujado, pegou tétano, morreu.
- amanhã é um dia de azar.
segunda-feira 13.
- ué, mas o dia de azar não é
sexta-feira 13?
- toda segunda é de azar.
- acabei de cruzar com um gato preto.
- nossa. Mas não conseguiu descruzar?
- não deu tempo.
- ele fugiu?
- não, foi atropelado.
- que azar.
- muito obrigado viu, a seleção perdeu
porque você lavou a minha cueca da sorte.
- ué, só porque eu lavei saiu a sorte
na maquina?
- sim.
- olha, então não era a cueca que era
da sorte, era a freada de merda que era.
- você acredita em sorte e azar?
- não, só em azar.
- cara, você sabe o que é bom pra olho
gordo?
- colírio diet.
- nossa, minha orelha ta quente, estão
falando de mim.
- é a direita ou a esquerda.
- as duas.
- então uma pessoa está falando mal e
a outra está te defendendo.
- ontem passei debaixo de um espelho,
cruzei uma escada e quebrei um gato.
- você tem um colete salva-vidas para
me arrumar?
- não, pra quê?
- estou atravessando uma maré de azar.
- minha filha não acredita em nada,
nem em sorte nem em azar.
- nossa, então ela é totalmente
cínica.
- acabei de cruzar um gato preto.
- e ele?
- mandou um beijo.
- amor, onde você colocou minhas meias
da sorte.
- ta ai na gaveta.
- não está.
- se eu for ai e encontrar eu posso
pegar a sorte pra mim?
- você acredita em acaso?
- não. Por quê?
- porque por um acaso eu acabei de ver
sua mulher com outro.
- por que você está andando com esse
coelho?
- porque com o azar que eu estou só o
pé não iria adiantar não.
- você nunca vai casar comigo?
- então, era sobre isso que eu queria
falar, um dia minha mãe varreu meu pé e ai você sabe como é.
- não acredito que você colocou a
vassoura atrás da porta, se quisesse que a gente fosse embora era só ter
pedido.
- não, não. Vocês entenderam errado, é
da minha sogra, ela gosta de deixar estacionado ai caso tenha alguma emergência.
Dois cavalos conversando.
- que sapato é aquele ali na porta do
seu estabulo cumpadre.
- é sapato de humano, pra dar sorte.
- acabei de passar por um gato preto.
- E ai?
- ai que ele está me processando porque
eu atravessei a rua pra não cruzar com ele, está alegando que é racismo.
- mãe.
- Oi?
- eu por um acaso quebrei algum
espelho quando era criança?
- não.
- passei embaixo da escada?
- que eu saiba não.
- gato preto, a gente já teve?
- não, sou alérgica, você sabe.
- então de onde veio tanto azar assim?
- perdeu playboy, passa o celular, a
carteira, o tênis.
- mas é meu tênis da sorte.
- se fosse da sorte você não estaria
sendo assaltado.
- na minha família todo mundo é meio
azarado.
- e você?
- eu sou azarado por inteiro.
- meu primo fez cirurgia no olho.
- miopia?
- não, redução, estava com muito olho
gordo.
- boa sorte.
- boa sorte é para os fracos.
- então vai se foder.
- você precisa tomar um banho de sal
grosso.
- pra tirar o mau olhado?
- não, pra gente te assar na grelha.
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