- mas você não pode me mandar embora
assim.
- posso sim, eu sou seu chefe.
- o senhor queria conversar comigo?
- sim, pode sentar.
- você vai me mandar embora?
- não.
- ufa.
- mentira, vou sim.
- então, estamos fazendo uma redução
no quadro de funcionários.
- o senhor quer dicas de quem eu acho
que deve ser mandado embora?
- quando eu vi que seria mandado
embora eu pedi as contas.
- mas como você sabe que seria mandado
embora?
- quando ele me pegou vendo
pornografia no computador da sala dele.
- eu não quero mais trabalhar aqui.
- mas você não trabalha mais aqui, eu
te demiti semana passada.
- então entramos num acordo.
- você está demitido.
- mas eu não trabalho aqui.
- ótimo, um serviço a menos.
- lembra aquele aumento que você me
pediu?
- lembro sim.
- então, saiu.
- sério.
- sim.
- poxa, que bom.
- pena que você está sendo mandado
embora e não vai poder usar.
- você está sendo desligado da
empresa.
- por quê?
- você que pediu.
- vocês nunca me ouviram agora
resolveram ouvir.
- sera que podemos entrar num acordo?
- qual a sua proposta?
- alguma que não tenha a minha bunda e
nem seu pé no meio.
- o problema não é você, sou eu.
- então por que eles não demitem você?
- por que eu sou o chefe.
- é muito difícil pra mim fazer isso.
- não é o que parece.
- é que eu já peguei pratica.
- quer dizer que você vai me mandar
embora com uma mão na frente e outra atrás?
- não, você vai precisar das suas mãos
pra juntar suas coisas da mesa.
- com o dinheiro do acerto vou abrir meu
próprio negócio, ser concorrente e tomar todos os clientes de vocês.
Silencio.
- pensando bem acho melhor você
continuar trabalhando com a gente.
- então é isso, sou mandado embora com
uma mão na frente e a outra atrás.
- então, você vai ter que deixar suas
mãos.
- depois de tantos anos servindo essa
empresa é assim que vocês retribuem?
- se você quer chamar isso de
retribuição, ok.
- estamos enxugando o quadro de funcionários.
- mas manda embora quem molhou, não
eu.
- desculpa, eu tinha que demitir
alguém.
- mas tinha que ser justo eu?
- não, você deu azar.
- por quê?
- você foi escolhido no minha mãe
mandou.
- se você precisar eu posso fazer uma
carta de recomendação.
- não precisa, eu já estou escrevendo
uma carta de suicídio.
- se eu perder esse emprego eu perco a
minha mulher.
- viu, a demissão não traz só coisas
ruins.
- você está sendo desligado do quadro
de funcionários?
- Oi?
- demitido.
- Ah!
- pode recolher suas coisas e ir.
- posso pelo menos terminar o que eu
estava fazendo?
- pode, mas eu não vou pagar.
- sem problemas.
- não acredito que fui demitido.
- não esquenta, acontece, eu também já
fui demitido.
- como foi?
- não lembro muito bem, eu estava
dormindo.
- o senhor está me demitindo por que
eu não cumpri a meta?
- não, porque você roubou a loja.
- ufa, achei que era por causa da
meta, porque eu bati.
- senta.
Silencio.
- então, dona Valquiria, vou ter que
te desligar da empresa, pois já foram dadas varias advertências sobre os seus
trajes e nenhum adiantou. A próxima medida era a demissão e é isso que está
acontecendo.
- quer dizer que eu estou sendo
mandada embora por justa calça.
- Vocês não podem me mandar embora, eu
dei o sangue por essa empresa.
- vá atrás do seus direitos no
hemocentro.
Mandado o padre embora.
- desculpa, são ordens lá de cima.
- o que eu vou falar pra minha mulher,
pros meus filhos?
- diga que você era um funcionário incompetente,
que não fazia o que mandavam e que vivia chegando atrasado.
Silencio.
- pensando bem vou falar que eu que
quis sair.
- seus serviços como pesquisador do
censo não são mais uteis.
- quer dizer que eu estou entrando
para estatísticas dos desempregados?
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