- você sofre de mania de grandeza.
- você não, o senhor.
- Tenho medo de enfrentar meus medos.
- quais são medos?
- tenho medo de falar.
- o senhor tem algum tipo de fobia.
- aquela de medo lugares apertados.
- transportecoletivofobia?
- eu pago pro senhor me ouvir. Quanto
você cobraria o pacote pra escutar minha mulher.
- o senhor sofre de cleptomania. Vou
te receitar um remédio.
Silencio.
- pode devolver minha caneta pra eu
escrever a receita?
- você é apaixonado pela sua mãe. Tem Édipo.
- mas eu sou órfão.
- então é pior do que eu imaginava.
- você tem síndrome de Edipo.
- mas eu sou homossexual.
- você tem síndrome de Edipo mas pelo
seu pai.
- antes de começar temos que voltar lá
atrás.
- poxa eu não vou voltar pra sala de
espera de novo.
- você precisa fazer uma viagem ao seu
passado.
- o senhor aceita em milhas?
- vamos ter que pensar qual a raiz do
problema.
- droga, sabia que um dia eu ainda
iria usar raiz quadrada.
- calma, a vida é mais fácil do que
parece.
- mais fácil pro senhor que ganha maior
grana pra ficar sem fazer nada.
- você já fez regressão?
- não, só digestão.
- você tem um problema sério com a sua
.
- porra o senhor andou falando com a
minha mãe, essa velha se intromete em tudo.
- e ai o que o médico disse que ele
tem?
- sofre da síndrome de Édipo pela mãe
dos outros.
- acho que você devia fazer analise.
- quem você acha que é pra achar isso?
- analista. Pega meu cartão.
- eu fumo maconha porque o meu
analista disse que é bom pra eu relaxar.
- quem é o seu analista o Bob Marley?
- eu não consigo dormir a noite, por
isso vim fazer analise, o que o senhor receita?
- arrumar um emprego.
- pelo visto a analise tem feito bem
para o seu sono né.
- o senhor acha?
- sim, é só você deitar no divã que já
dorme.
- o primeiro passo para se curar é
aceitar que está doente.
- ufa, ainda bem que eu não tenho
nada.
- as vezes estou no quarto e ouço
vozes.
- vozes?
- sim, de pessoas chamando por mim,
batendo palma, gritando meu nome.
- quando isso acontece?
- quando estou dormindo. Sempre quando
eu tou dormindo, de repente começa um, Maicon, Maicon, acorda que você está
atrasado.
- você tem que aprender a controlar
seu ciúmes, ele não pode te dominar.
- quem mandou você dizer isso, meu
namorado?
- você sofre de mania de perseguição.
- não sofro.
- oi?
- não sofro de mania de perseguição.
Silencio.
- pode falar alto, não tem ninguém
atrás da porta é um cabideiro.
- acho que devíamos fazer terapia de
casal.
- mas somos amantes.
- então deveríamos fazer terapia de
amantes.
- eu e meu marido começamos a fazer
terapia de casal.
- sério, que legal, como foi?
- foi o de sempre, a gente discutindo
na frente dos outros, mas com a diferença que estávamos pagando pra isso.
- depois que eu comecei a fazer
terapia tenho me sentido tão mais leve.
- falei que seu mal era consciência
pesada.
- o que você fala pra mim não sai
dessa sala.
- isso era o que a minha ex-mulher me
dizia.
- você tem um serio problema com a
mentira.
- mentira?!
- você sofre de transtorno alimentar.
- esse papo está me dando uma fome.
- amor, acabei de sair do meu analista
e tenho duas noticias, uma boa e uma ruim.
- quais são?
- a boa é que eu não tenho anorexia.
- nossa, que bom amor, e qual é a
ruim?
- a ruim é que eu to gravida, o vomito
não era por causa do transtorno.
- meus pais abusavam de mim quando era
criança.
- fale me mais sobre isso.
- eles me colocavam pra arrumar o
quarto, varrer a casa, lavar a louça, etc.
- você é um mentiroso compulsivo.
- eu se você não falaria assim com o
Batman.
- você sofre de depressão.
- não sofro não, não sofro... – sai da
sala chorando.
- doutor, eu estou feliz, essa semana
consegui controlar meu ciúmes.
- sério? Meus parabéns, como foi?
- eu estava desconfiando que o Edgar
estava me traindo, porque ele chegou três minutos mais tarde do que o de
costume, então eu pensei, poxa são só três minutos, ele não fez nada. Então eu
larguei a faca, tirei o saco da cabeça dele, o desamarrei e dei um banho nele.
- você contou até dez como te ensinei?
- contei.
- e ai?
- ai só depois que eu contei que eu atirei.
- quando você estiver nervosa respire
fundo.
- e parta pra cima dele?
- se conselho fosse bom eu não dava.
- por isso o senhor é analista e
cobra.
- exatamente.
- acho que você não precisa mais fazer
analise. Já se recuperou bem, está forte, consegue lidar com os problemas.
- o senhor está terminando comigo
doutor, não acredito. – começa a chorar.
- por que ao invés de terminarmos não
fazermos analise.
- deixa que eu faço uma analise: é não
da mais certo mesmo. Ponto.
- qual é a diferença entre o psicanalista
e o psiquiatra?
- um numero de “hum é mesmo” que um e
o outro fala.
- bem vamos ter que ir lá no seu
passado.
- tudo bem, só não repara a bagunça.
- seu médico te passou alguma receita
boa?
- sim, uma de pudim de pão.
- meu marido é psicanalista.
- nossa, sério? Ele deve te ouvir muito.
- sim e por ser mulher cobra mais
barato por hora.
- nossa, seu marido é terapeuta e
cobra pra te ouvir?
- sim, e eu cobro pra transar com ele.
Negocios são negócios.
- por que você está com essa fita
isolante na boca?
Tira a fita isolante.
- foi meu terapeuta que receitou, é um
tarja preta.
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